Pavilhão 9 da Casa de Detenção do Carandiru, onde ocorreu o massacre, em foto de 1992: promotor de justiça declarou que, para essa segunda fase, existem provas ainda mais evidentes da existência de um massacre feitos pelos policiais (Antonio Milena / VEJA)
Da Redação
Publicado em 26 de julho de 2013 às 14h33.
São Paulo – A segunda parte do Tribunal do Júri do Massacre do Carandiru começa na próxima segunda-feira (29), às 9h, na capital paulista. Serão julgados, no Tribunal da Barra Funda, os 26 policiais militares (nove deles ainda na ativa) integrantes do 1º Batalhão de Choque, acusados da morte de 73 detentos no terceiro pavimento do Pavilhão 9 do antigo presídio.
Fernando Pereira Filho, promotor de justiça, declarou que, para essa segunda fase, existem provas materiais ainda mais evidentes do que no primeiro julgamento da existência de um massacre dos policiais. No primeiro julgamento foram condenados 23 dos 26 policiais acusados da morte de 13 detentos no segundo pavimento.
O promotor Eduardo Olavo Canto destacou o fato de quase 70% do total das mortes do massacre terem ocorrido no terceiro pavimento. “Não só pela quantidade de tiros: os exames mostram o excesso criminoso. Temos os disparos feitos dentro das celas, há trechos do laudo dizendo, claramente, que houve tiros em rajadas”, disse ele.
O primeiro julgamento ocorreu entre 8 e 20 de abril. Na época, os policiais receberam uma pena de 156 anos de reclusão cada um, em regime inicial fechado. Se forem responsabilizados pelas 73 mortes do terceiro pavimento, os réus podem ser penalizados em 876 anos de pena.
Os promotores explicaram que, inicialmente, 30 policiais eram acusados pelas mortes do terceiro pavimento. Porém, três deles morreram e um foi considerado inimputável por insanidade mental. Além disso, o número de mortos no terceiro pavimento é de 78 detentos. No entanto, cinco deles foram mortos por um único coronel do Batalhão de Choque, que será julgado separadamente, pela conduta individualizada.
Serão ouvidas oito testemunhas de acusação, além do aproveitamento de oitivas já feitas de três testemunhas, que serão exibidas em vídeo. A defesa convocou cinco testemunhas, incluindo o perito Osvaldo Negrini Neto, que será ouvido novamente.
O juiz responsável será Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo, em substituição ao juiz José Augusto Nardy Marzagão, que atuou no primeiro julgamento. A previsão dos promotores é que essa segunda parte do julgamento se encerre até sábado (2).
O caso Carandiru ficou conhecido como o maior massacre do sistema penitenciário brasileiro. No dia 2 de outubro de 1992, os policiais acusados entraram no Pavilhão 9 da Casa de Detenção para reprimir uma rebelião. A ação resultou em 111 detentos mortos e 87 feridos.