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Julgamento do Carandiru prossegue com réplica e tréplica

Ainda nesta quarta-feira, os jurados devem se reunir para decidir se condenam os réus

Plenário do Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, onde vinte e seis policiais militares estão sendo julgados pelo massacre do Carandiru (Marcelo Camargo/ABr)

Plenário do Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, onde vinte e seis policiais militares estão sendo julgados pelo massacre do Carandiru (Marcelo Camargo/ABr)

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Da Redação

Publicado em 19 de março de 2014 às 06h33.

A quarta etapa do julgamento do Massacre do Carandiru prossegue hoje (19), no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, com a réplica dos promotores Márcio Friggi de Carvalho e Eduardo Olavo Canto Neto e com a tréplica do advogado Celso Vendramini, que defende os dez policiais acusados pela morte de oito detentos que ocupavam o quinto pavimento (quarto andar) do Pavilhão 9.

A expectativa é que, logo após esta fase, ainda nesta quarta-feira, os sete jurados que formam o Conselho de Sentença se reúnam para decidir se condenam os réus.

Ontem (18) o promotor Canto Neto e o advogado Celso Vendramini tiveram duas horas e meia cada um para defender suas teses. Segundo o promotor, os policiais entraram no Carandiru e promoveram um massacre no local, sem chance de defesa para os detentos.

Já o advogado disse que os policiais não estiveram no quinto pavimento do Pavilhão 9 e que, portanto, não poderiam responder pelas mortes que ocorreram no local. Ele também argumentou que, como não foi possível individualizar a conduta dos policiais, afirmando qual deles atirou em qual detento, não é possível condená-los.

Durante o debate, o advogado apresentou diversos vídeos que mostram ações violentas de criminosos, defendendo que “prefere um bandido morto que um policial ferido”. Entre os vídeos apresentados está um feito por presos da Compelxo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão, que mostra imagens de presos decapitados por detentos.

Ao final dos trabalhos de ontem, os promotores e o advogado falaram com a imprensa. “Consegui provar, nas duas horas e meia que tive que, desde o primeiro depoimento deles [policiais], 15 dias depois da invasão, que eles entraram no quarto pavimento [terceiro andar] e não no quinto pavimento. O Ministério Público errou na acusação e eles [promotores] não querem admitir isso”, disse o advogado.


Para o promotor, no entanto, "os réus faltaram com a verdade" quando negarem que estiveram no quinto pavimento. “Indicamos inúmeros depoimentos e provas periciais que contrariaram a versão dos réus”, disse Canto Neto.

Nesta quarta etapa do julgamento, dez policiais do Grupo de Operações Táticas Especiais (Gate) são acusados pela morte de oito detentos e pela tentativa de homicídios de três presos que ocupavam o quinto pavimento (ou quarto andar) da antiga Casa de Detenção do Carandiru. Dois policiais morreram antes do julgamento.

A promotoria admitiu um erro na denúncia, e pediu que duas mortes de detentos, que foram imputadas aos policiais, fossem retiradas da denúncia porque uma delas foi provocada por arma branca e a outra ocorreu em outro pavimento. Com isso, os dez policiais passaram a responder por oito mortes e três tentativas de homicídio.

O Massacre do Carandiru ocorreu no dia 2 de outubro de 1992, quando 111 detentos foram mortos durante uma invasão policial para reprimir uma rebelião no Pavilhão 9 da casa de detenção.

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