Brasil

Juízes dizem que "Gabriela Hardt sincera" não é de Gabriela Hardt

"É inaceitável que magistrados sejam obrigados a se justificar em razão de perfis falsos constantes nas redes sociais", afirmam

Gabriela Hardt, juíza que substituiu Sérgio Moro na Lava Jato (YouTube/Reprodução)

Gabriela Hardt, juíza que substituiu Sérgio Moro na Lava Jato (YouTube/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de março de 2019 às 17h21.

A Associação dos Juízes Federais (Ajufe) e sua seccional no Paraná, a Apajufe, reagiram à investigação que o corregedor nacional de Justiça, ministro Humberto Martins, instaurou, na sexta-feira, 15. O corregedor solicitou à juíza Gabriela Hardt, que sucedeu a Sérgio Moro na Operação Lava Jato, que informe se tem conhecimento da existência de um perfil no Twitter denominado "juíza Gabriela Hardt sincera" (@GabrielaHardt).

Segundo as associações, "a magistrada e a Justiça Federal do Paraná já informaram que referida conta não pertence" à Gabriela Hardt.

"É inaceitável que magistrados sejam obrigados a se justificar em razão de perfis falsos constantes nas redes sociais", afirmam os juízes.

"O trabalho dos magistrados federais é de reconhecida importância, não sendo possível admitir que tenham que utilizar o tempo que seria dedicado ao exercício da função pública para se manifestar sobre perfis fraudulentos. Está fora do alcance dos usuários das redes sociais - ou mesmo de quem não as utiliza - impedir a criação de perfis falsos ou excluí-los, posto que as próprias redes sociais devem adotar mecanismos e medidas para impedir seu uso indevido ou ilícito."

O ministro questionou a magistrada se ela autorizou tal uso e, em caso negativo, se adotou alguma providência para evitar a continuidade de tal prática. Gabriela Hardt terá um prazo de 15 dias para prestar as informações solicitadas pela Corregedoria Nacional de Justiça.

Segundo o ministro, o objetivo do procedimento é esclarecer a situação e tutelar a boa-fé dos cidadãos, que poderiam ser induzidos a acreditar que as postagens refletem posicionamento oficial de integrante da magistratura, o que é especialmente preocupante em uma época tão pródiga em disseminação de notícias falsas.

No perfil, foram publicados os seguintes tuítes: "Galera que tal um movimento popular, pedindo impeachment de todos os ministros do STF, vc topa"; "Urgente: o STF Trabalha nos bastidores para tirar Lula, da prisão" e "O STF ACABA DE ENTERRA A LAVA-JATO POR 6 VOTOS A 5".

LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA

A Associação dos Juízes Federais do Brasil - AJUFE - e a Associação Paranaense dos Juízes Federais - APAJUFE - vêm a público se manifestar acerca da decisão do Ministro Humberto Martins de solicitar à Juíza Federal, Gabriela Hardt, esclarecimentos e tomada de providências em relação a existência de um perfil falso na rede social Twitter chamado "Juíza Gabriela Hardt Sincera".

A magistrada e a Justiça Federal do Paraná já informaram que referida conta não pertence à primeira.

É inaceitável que magistrados sejam obrigados a se justificar em razão de perfis falsos constantes nas redes sociais.

O trabalho dos magistrados federais é de reconhecida importância, não sendo possível admitir que tenham que utilizar o tempo que seria dedicado ao exercício da função pública para se manifestar sobre perfis fraudulentos.

Está fora do alcance dos usuários das redes sociais - ou mesmo de quem não as utiliza - impedir a criação de perfis falsos ou excluí-los, posto que as próprias redes sociais devem adotar mecanismos e medidas para impedir seu uso indevido ou ilícito.

Acaso o CNJ entenda ser necessário tomar alguma medida ou solicitar algum esclarecimento com relação à existência de perfis evidentemente falsos de magistrados federais, que a providência seja determinada diretamente à empresa, que é a responsável pela rede social em que são realizadas as postagens fraudulentas, mas não aos magistrados federais, que são as verdadeiras vítimas dessas e de outras chamadas fake news.

Fernando Marcelo Mendes

Presidente da Ajufe

Fabrício Bittencourt da Cruz

Presidente da Apajufe

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoGabriela HardtOperação Lava JatoTwitter

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas