Lava Jato: nova fase da operação bloqueou até R$ 6.187.099,78 das contas dos investigados (Nacho Doce/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de setembro de 2019 às 17h15.
Última atualização em 27 de setembro de 2019 às 17h16.
Além de acolher o pedido do Ministério Público Federal para deflagrar a Operação "Alerta Mínimo", fase 66 da Lava Jato, na manhã desta sexta-feira, 27, contra doleiros e gerentes do Banco do Brasil supostamente envolvidos em esquema que lavou cerca de R$ 200 mi, a juíza Gabriela Hardt, da 13ª Vara Federal determinou o bloqueio de até R$ 6.187.099,78 das contas dos investigados.
O congelamento alcança as contas de um ex-funcionário do BB, dois gerentes do banco, dois doleiros e duas empresas.
Acuada pelo julgamento do Supremo que pode aniquilar pelo menos 32 sentenças e beneficiar 143 condenados, a força-tarefa voltou às ruas nesta sexta para apurar a atuação dos investigados em um esquema que gerava dinheiro para empresas que tinham contratos com a Petrobras e precisavam de dinheiro em espécie para pagar propinas a agentes públicos.
O esquema de produção de dinheiro envolvia trocas de cheques obtidos junto ao comércio da grande São Paulo e a abertura de contas sem documentação necessária ou com falsificação de assinaturas em nome de empresas de fachada do ramo imobiliário, indicou a PF.
Segundo o Ministério Público Federal, três gerentes e um ex-gerente do BB teriam facilitado "centenas de operações de lavagem de dinheiro entre os anos de 2011 e 2014".
Os funcionários vinculados a três agências do Banco do Brasil, localizadas em São Paulo, receberam vantagens indevidas para burlar os mecanismos de prevenção de lavagem de dinheiro da instituição, indicou a Procuradoria.
A PF anotou ainda que um doleiro investigado teria produzido pelo menos R$ 110 milhões, em espécie, para viabilizar as vantagens indevidas.
O bloqueio determinado por Gabriela atinge as contas de tal doleiro. Trata-se do maior valor congelado entre os investigados - mais de R$ 3 milhões.
Veja os valores congelados por Gabriela:
Alexandre de Melo Canizella - gerente do BB - até o limite de R$ 152.289,86;
Alexandre Goebel - gerente do BB - até o limite de R$ 152.289,86;
Silvio de Almeida e Souza - apontado pela PF como o doleiro que gerou R$ 110 para pagamento de propinas - até o limite de R$ 3.045.797,34;
José Augusto Aparecido Eiras - ex gerente do BB - até o limite de R$ 914.619,02;
Karppa Moveis e Decorações - até o limite de R$ 914.619,02;
Briza Viagens e Turismo - empresa recém constituída por Eiras - até o limite de R$ 914.619,02;
Carlos Arturo Mallorquin Júnior - o doleiro 'Arturito' - até o limite de R$ 92.865,66:
A reportagem tenta contato com os investigados, o espaço está aberto para manifestação.
"O Banco do Brasil informa que vem colaborando com as autoridades na operação Alerta Mínimo, já tendo iniciado processos administrativos que podem resultar na demissão dos funcionários envolvidos."