Eduardo Azeredo: Ex-governador se entregou à polícia civil em maio (Valter Campanato/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 8 de julho de 2018 às 10h54.
São Paulo - O juiz Marcelo Augusto Lucas Pereira, da Vara de Execuções Penais de Belo Horizonte, mandou oficiar a Secretaria de Administração Prisional de Minas Gerais para que delibere sobre a possível transferência do ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB), condenado a 20 anos e um mês no Mensalão tucano.
Desde 23 de maio, o tucano ocupa Sala Especial em batalhão do Corpo de Bombeiros, autorizado a não usar roupas de presidiário e sem a necessidade do uso de algemas.
O Comandante Geral do Batalhão, Cláudio Roberto de Souza, no entanto, pediu para que o tucano seja transferido para outra unidade.
Para o juiz, o requerimento é de 'alçada da Secretaria de Administração Prisional, a que compete avaliar e deliberar sobre o fluxo de pessoas no sistema prisional mineiro, observadas as particularidades do custodiado, inclusive as prerrogativas decorrentes de lei'.
"Desta feita, determino que se oficie à SEAP, com remessa de cópia do ofício encaminhado pelo Comandante Geral do Batalhão, para ciência", anotou.
Esta não é a primeira vez que militares pedem que Azeredo deixe o Batalhão. O deputado estadual Sargento Rodrigues (PTB) encaminhou ofício à Vara de Execuções Penais de Belo Horizonte relatando a 'revolta' de militares contra o convívio com o ex-governador.
Segundo o parlamentar, parte dos oficiais 'repudia' Azeredo.
O deputado afirma que ele e outros 186 oficiais da PM de Minas Gerais foram expulsos em 1997, quando Azeredo era governador, por integrarem movimento grevista. Diante da 'revolta', a Justiça mandou a Promotoria investigar o caso.
O Mensalão tucano, conforme denúncia do Ministério Público em 2007, consistiu em desvio de recursos de estatais mineiras, como a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e o, hoje extinto, Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge), para a campanha de Azeredo pela reeleição em 1998, quando foi derrotado pelo ex-presidente Itamar Franco, à época no PMDB. Os desvios em benefício do tucano chegaram a R$ 3 milhões, segundo a acusação.