Brasil

Juiz aceita queixa-crime de Bolsonaro contra Delgatti por calúnia

Ex-presidente questionou relato de que teria pedido para hacker assumir grampo contra Moraes

A queixa foi apresentada devido ao depoimento de Delgatti na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, em agosto do ano passado (Mateus Bonomi/Getty Images)

A queixa foi apresentada devido ao depoimento de Delgatti na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, em agosto do ano passado (Mateus Bonomi/Getty Images)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 7 de março de 2024 às 12h42.

A Justiça do Distrito Federal aceitou uma queixa-crime apresentada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o hacker Walter Delgatti Neto pelo crime de denúncia. Com isso, será aberta uma ação penal e Delgatti passa a ser réu.

A queixa foi apresentada devido ao depoimento de Delgatti na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, em agosto do ano passado. O hacker afirmou que Bolsonaro teria pedido para ele para assumir a autoria de um grampo contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o que a defesa do ex-presidente nega. A defesa de Delgatti foi procurada para comentar a decisão, mas ainda não retornou.

Veja o andamento do caso

O juiz Omar Dantas Lima, da 3ª Vara Criminal de Brasília, considerou que foram apresentados a "prova da materialidade" e os "indícios de autoria" de Delgatti. O hacker tem 10 dias para apresentar uma defesa.

Os advogados de Bolsonaro pediram uma pena maior a Delgatti por ele ter dado as declarações na "presença de inúmeras pessoas". O crime de calúnia prevê reclusão de seis meses a dois anos e o acréscimo de um terço caso tenha ocorrido "na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia", além de pagamento de multa.

Em seu depoimento, Delgatti afirmou que Bolsonaro relatou que havia sido conseguido um "grampo" de Moraes, e que era preciso que ele assumisse a autoria.

"Segundo ele (Bolsonaro), eles haviam conseguido um grampo, que era tão esperado à época, do ministro Alexandre de Moraes. Que teria conversas comprometedoras do ministro, e ele precisava que eu assumisse a autoria desse grampo", disse Delgatti na sessão da CPMI, ocorrida em 17 de agosto. "Eu era o hacker da Lava-Jato, né. Então, seria difícil a esquerda questionar essa autoria, porque lá atrás eu teria assumido a "Vaza-Jato", que eu fui, e eles apoiaram. Então, a ideia seria um garoto da esquerda assumir esse grampo", completou ele.

Acompanhe tudo sobre:Jair BolsonaroOperação Lava Jato

Mais de Brasil

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP

Governos preparam contratos de PPPs para enfrentar eventos climáticos extremos

Há espaço na política para uma mulher de voz mansa e que leva as coisas a sério, diz Tabata Amaral

Quais são os impactos políticos e jurídicos que o PL pode sofrer após indiciamento de Valdemar