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Jucá chama Janot de "líder de facção"

O presidente do PMDB disse que qualquer ato conduzido pelo procurador na reta final de seu mandato "está eivada de erros, raiva e rancor"

Jucá: "(Seu mandato) está acabando de forma muito triste, muito melancólica" (Agência Brasil/Agência Brasil)

Jucá: "(Seu mandato) está acabando de forma muito triste, muito melancólica" (Agência Brasil/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de setembro de 2017 às 19h31.

Brasília - Líder do governo no Senado e presidente do PMDB, o senador Romero Jucá (RR) chamou na tarde desta quarta-feira, 13, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de "líder de facção".

Ao ser questionado sobre o conteúdo da delação premiada de Lúcio Funaro, Jucá minimizou o conteúdo dos fatos narrados pelo corretor e o potencial destrutivo de uma eventual segunda denúncia contra o presidente Michel Temer.

"O líder dessa facção, Rodrigo Janot, vai ficar mais dois dias na PGR, o que é lamentável, até porque ele (seu mandato) está acabando de forma muito triste, muito melancólica, como eu previ há alguns dias atrás", declarou Jucá após reunião da Executiva do PMDB.

"Agora está se vendo que a organização é Janot, Marcelo Miller, mais alguns procuradores, Joesley (Batista), Sérgio Machado, (Nestor) Cerveró, Delcídio (Amaral). Essas são as companhias de Janot que armaram esse circo", emendou.

O presidente do PMDB disse que qualquer ato conduzido por Janot na reta final de seu mandato "está eivada de erros, raiva e rancor, de tentativa de apagar o rastro de irregularidades".

Por isso, disse o peemedebista, a segunda denúncia deve ser recebida com "desconfiança", mais até do que a primeira denúncia, derrubada na Câmara porque "o véu caiu".

Para Jucá, a delação de Funaro - um dos últimos atos de Janot - foi um "ato entre amigos", por isso merece desconfiança.

"Qualquer delação premiada a essa altura do campeonato precisa ser muito investigada e comprovada para ser dar ouvido a ela", declarou.

O senador disse que Janot sabia das conversas entre Miller e a JBS e que as ações intermediadas pelo ex-procurador são "extremamente suspeitas".

Funaro afirmou em sua delação premiada que Temer dividiu com Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), ex-homem forte de seu governo, propina da Odebrecht.

Nos anexos de sua colaboração, ele afirmou ter buscado R$ 1 milhão em espécie, supostamente pagos pela empreiteira, no escritório do advogado e ex-deputado José Yunes, amigo de Temer.

Funaro relatou também em sua colaboração, já homologada pelo Supremo Tribunal Federal, ter mandado a quantia para Geddel, na Bahia.

Reunião

Na reunião desta tarde da Executiva do PMDB, Jucá comunicou ao partido o pedido de afastamento de Geddel das funções partidárias por 60 dias.

Geddel já estava afastado do comando do PMDB baiano desde meados de julho e hoje formalizou o pedido para ficar fora dos trabalhos de primeiro-secretário nacional do PMDB.

No encontro, que durou duas horas, a Executiva também deferiu a suspensão por 60 dias da senadora Kátia Abreu (TO). A parlamentar enfrenta um processo na Comissão de Ética do partido por ter feito críticas públicas a Jucá e Temer.

Um dos assuntos que mais tomou tempo na reunião foi o pedido de intervenção no diretório estadual do PMDB pernambucano feito por um aliado do senador Fernando Bezerra Coelho (PE), recém-filiado à legenda.

O grupo de Coelho pede a dissolução do diretório estadual. A cúpula do PMDB decidiu que o líder da bancada na Câmara, Baleia Rossi (SP), vai intermediar as negociações entre as partes para evitar a dissolução do diretório pernambucano.

Segundo fontes, Jucá revelou que o líder do governo no Congresso, deputado André Moura (PSC-SE), manifestou o desejo de se filiar ao partido, mas que as conversas ainda não evoluíram. Jucá teria garantido que não haverá intervenção no PMDB local caso Moura se filie ao PMDB.

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