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Jovem palestino faz crowdfunding para vir para o Rio 2016

Mohamad al-Khatib: sonho de correr os 100 e os 200 metros rasos nos Jogos Olímpicos


	Mohamad al-Khatib: sonho de correr os 100 e os 200 metros rasos nos Jogos Olímpicos
 (Christian Petersen/Getty Images)

Mohamad al-Khatib: sonho de correr os 100 e os 200 metros rasos nos Jogos Olímpicos (Christian Petersen/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 4 de dezembro de 2015 às 08h03.

Ramala - "Três anos, trabalho duro, dois pés e um sonho: fazer 'sprints' pela Palestina", é o simples lema com o qual se apresenta o jovem Mohamad al-Khatib em um crowdfunding (campanha de arrecadação de fundos na internet) para representar a Palestina nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016.

Este jovem sociólogo de 25 anos tem há três um objetivo muito claro: correr os 100 e os 200 metros rasos nos Jogos Olímpicos e trazer outra vez a sua terra uma medalha com um simbolismo mais forte que o triunfo: a esperança.

"Sei que soa um pouco piegas, mas acredito que cada um somos uma mensagem, de alguma maneira ou outra. Como sociólogo e palestino, vejo que precisamos de esperança. É a mensagem que quero transmitir. Quero mostrar a nós mesmos e ao mundo que cada coisa que nos propomos a fazer, não importa que seja em esporte, ciência ou o que for, podemos alcançá-la. Não é uma questão política", disse ele à Agência Efe.

Khatib é natural da cidade cisjordaniana de Hebron, mas vive há muitos anos em Ramala, onde trabalha como monitor de ioga.

Há poucos dias, ele fez contas e os números lhe falhavam. Ele precisa baixar sua melhor marca em um segundo para se classificar para os Jogos no Rio de Janeiro, mas o processo leva tempo - "nos casos de profissionais, pode levar anos para conseguir", afirmou - e dinheiro.

Ele estima que seu sonho custa US$ 7.850, que cobrem a compra do equipamento esportivo adequado e uma estadia de três meses no Texas (EUA) para treinar com um profissional que acredita em sua capacidade para reduzir a marca.

Sua atual treinadora e dois amigos o encorajaram a criar uma campanha de arrecadação de fundos online, sistema cada vez mais comum para o financiamento de microprojetos, e pôs mãos à obra.

Quatro dias após lançar seu pedido na plataforma Indiegogo e graças ao "boca a boca" virtual que divulgou seu projeto pelas redes sociais, ele já conseguiu US$ 10 mil.

"Não consigo acreditar. De fato, diria que estou em choque. Estou muito, muito agradecido", disse.

"Há gente que ria de mim quando decidi fazer isso, e ainda há muitos que não confiam que tenha conseguido. Não sei o que acontecerá, ainda não tenho nada, nem sequer me classifiquei. Mas não podia ficar sem tentar", acrescentou.

Khatib explicou que sempre se sentiu fascinado pelo atletismo, embora não veja o esporte como algo ao qual se dedicaria profissionalmente, mas como uma ferramenta a mais para mostrar sua "paixão" pela vida, e se perguntou de que maneira poderia transformar esta paixão em algo útil.

Então, dois eventos marcaram seus passos.

"Em 2012, Ruta Meilutyte, uma nadadora de 15 anos, ganhou uma medalha de ouro para a Lituânia nos Jogos Olímpicos de Londres (...) e, um ano depois, Mohamad Asaf, compatriota palestino de Gaza, ganhou (o programa de talentos) Arab Idol", diz sua campanha online.

Estas dois momentos de inspiração deram forma a suas ideias, e ele começou a se preparar com os recursos que tinha disponíveis.

Na Palestina, explicou, não há pistas de atletismo oficiais, e o mais próximo que encontrou foi uma pista de 84 metros na Universidade de Bir Zeit, onde estudava e começou a treinar.

O pavimento não era o adequado, portanto machucava os pés e as articulações tentando reproduzir as corridas e exercícios que aprendia dos vídeos que via no YouTube.

Depois, ele encontrou em uma escola privada de Ramala uma pista mais curta, mas menos prejudicial, coberta com grama, "que era mais segura para os joelhos", afirmou, bem-humorado, ressaltando que só podia treinar no começo da manhã ou à noite, quando não havia alunos no local.

"Nunca treinei com equipamentos necessários, nem tive um treinador a meu lado permanentemente que me dissesse o que é preciso fazer. A mulher com a qual treino agora trabalha em Jerusalém, onde não posso ir, e vem de maneira voluntária a cada duas semanas, às vezes quase a cada mês, e me manda exercícios", narrou.

A Palestina, com sua difícil situação política, costuma ter uma atuação quase simbólica nos Jogos Olímpicos e nunca conseguiu uma medalha.

Em Londres, com cinco atletas representaram a nação, quatro convidados pelo Comitê Olímpico Internacional e um que se classificou, e eles competiram em natação, atletismo e, pela primeira vez, também no judô.

O judoca Abu Ramaileh foi então o primeiro palestino a se classificar por pontos para os Jogos, uma façanha que agora Khatib quer repetir. 

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