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Jornalistas estrangeiros visitam o morro Santa Marta

Grupo com 15 jornalistas estrangeiros subiu o morro para ver de perto como vivem os moradores locais

Moradores do pico do morro Santa Marta protestam contra remoção de casas (Fernando Frazão/Agência Brasil/Agência Brasil)

Moradores do pico do morro Santa Marta protestam contra remoção de casas (Fernando Frazão/Agência Brasil/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 26 de junho de 2014 às 22h15.

Rio - Convidados pelo Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas, um grupo com 15 jornalistas estrangeiros subiu nesta quinta-feira, 26, o morro Santa Marta, na zona sul do Rio, para ver de perto como vivem os moradores locais.

Passando por vielas, por pilhas de lixo onde já houve casas e valões com esgoto a céu aberto, as equipes internacionais observaram e conversaram com moradores da parte alta da favela de onde serão removidas 150 famílias que vivem em área de risco, de acordo com órgãos públicos.

Desde o início da Copa do Mundo, o Comitê tem recebido mais pedidos de estrangeiros para conhecer a realidade da cidade, principalmente das favelas.

"A imprensa internacional está mais interessada e tem uma visão mais crítica do que a imprensa nacional sobre os temas sociais, relacionados às remoções, violência policial e outros problemas da Copa", explicou Mário Campagnane, porta-voz do Comitê e da ONG Justiça Global.

No morro, jornalistas da Alemanha, México, Chile e Estados Unidos caminharam por pouco mais de duas horas, desde o pé do morro, passaram pela Laje do Michael Jackson (onde o astro pop gravou um clipe em 1996), até o Pico do Santa Marta, de onde se vê o Pão de Açúcar, a Lagoa Rodrigo de Freitas e as praias cariocas.

Falando português, conheceram histórias de moradores que, mesmo depois da pacificação, se sentem abandonados pelo poder público.

Contrária às remoções, a empregada doméstica Fernanda Abreu, de 34 anos, moradora do ponto mais alto da favela, fez questão de conversar com diversas equipes estrangeiras.

"Não queremos sair de nossas casas, queremos que eles (governos estadual e municipal) tragam infraestrutura e iluminação aqui para cima como fizeram no resto do morro. Área de risco é esse caminho (uma escada de pedra e terra) que o governo deveria melhorar", repetiu.

Aproveitando a presença estrangeira no País, o Comitê preparou outros dois eventos na cidade para mostrar "as remoções promovidas pela Copa".

No próximo domingo, 29, haverá uma corrida ao redor do estádio Célio de Barros, no complexo do Maracanã, que quase foi derrubado para construção de um estacionamento exigido pela Fifa.

O local permanece intacto, mas está fechado e os atletas não podem treinar.

No domingo, 6, a visita será à favela Vila Autódromo, em Jacarepaguá, na zona oeste, "um símbolo da resistência", segundo Campagnane.

Aos poucos, as casas são demolidas para dar lugar a obras de urbanização no local onde será construído o Parque Olímpico, até 2016.

"Todas as ações estão relacionadas com a especulação imobiliária dos grandes eventos e será mostrado para a imprensa internacional", completou.

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