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Jornal traz diálogos não divulgados de pilotos do Rio-Paris

Comandante do avião teria se deitado um pouco antes da tragédia aérea. Pilotos não mudaram trajetória da nave sabendo da tempestade

Informação é do jornal Le Figaro (Charles Platiau/Reuters)

Informação é do jornal Le Figaro (Charles Platiau/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 5 de agosto de 2011 às 16h58.

Paris - As gravações contidas nas caixas-pretas que não foram divulgadas ao público revelam que os pilotos do vôo Rio-Paris não modificaram a rota do avião apesar de uma região de tempestade, escreveu o jornal Le Figaro, que circulará no sábado.

Esses elementos não foram publicados para proteger a Air France e os tripulantes e porque eles não explicam o drama ocorrido no dia 1 de junho de 2009 e a queda do avião no Atlântico provocando 228 mortes, diz o diário.

Apesar de todos os aviões presentes naquela zona terem optado por modificar a rota para evitar uma região de cúmulos nimbus (nuvens pesadas), o comandante a bordo do vôo AF 447 disse a seu colega: "Não vamos nos deixar chatear pelos cunimbs", relatou o Le Fígaro.

Os "cunimbs" são os cúmulos nimbus carregados de gelo capazes de provocar o congelamento das sondas de velocidade Pitot. O AF 447 modificou sua trajetória em 12 graus apenas ao se aproximar de um fenômeno meteorológico. Seria muito tarde para evitá-lo.

Sempre segundo o jornal, vinte minutos antes do acidente, o comandante de bordo anuncia: "Vai ter turbulência quando eu for me deitar". Depois, no momento em que deixa o cockpit, diz: "Bem, vamos lá, estou fora".

O comandante, portanto, teria se deitado um pouco antes sabendo das turbulências que marcariam o início do drama.

A polêmica desencadeada pelos pilotos sobre o último relatório do Escritório de Investigação e Análise (BEA) "é, portanto, mal recebida pelos membros do BEA, que garantem não privilegiar nem a Air France nem a Airbus", ressalta o Le Figaro.

O anúncio da retirada dentro de um relatório oficial sobre o acidente do vôo Rio-Paris de uma recomendação sobre o alarme de interrupção de contato relançou no início da semana a guerra entre os atores do dossiê, com implicações para a Aeronáutica.

Diante das críticas ao BEA, suspeito de querer preservar a construtora Airbus, o ministro dos Transportes, Thierry Mariani, defendeu na quarta-feira uma "investigação exemplar".

No seu relatório, o organismo encarregado das investigações técnicas levantou em questão a formação e a reação da tripulação depois da perda de contato do Airbus A330.

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