Brasil

Joaquim Barbosa se indispõe com advogados e ministros do STF

Ministro criticou duramente advogados que o acusaram de atuar com parcialidade na condução da ação penal


	Ministro Joaquim Barbosa, de costas, durante o julgamento do STF sobre o caso do mensalão:  colegas não acataram a proposta de retaliação a esses advogados sugerida por ele
 (José Cruz/Agência Brasil)

Ministro Joaquim Barbosa, de costas, durante o julgamento do STF sobre o caso do mensalão:  colegas não acataram a proposta de retaliação a esses advogados sugerida por ele (José Cruz/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de outubro de 2012 às 19h42.

Brasília – O ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), criticou duramente advogados que o acusaram de atuar com parcialidade na condução da ação penal. O ministro também se indispôs com os próprios colegas, que não acataram a proposta de retaliação a esses advogados sugerida por ele.

A questão movimentou a retomada do julgamento nesta quarta-feira (15), após o intervalo, quando os ministros começaram a votar questões preliminares. Barbosa expôs aos ministros que os advogados Antônio Pitombo, Leonardo Avelar e Conrado Gontijo – que defendem os réus Enivaldo Quadrado e Breno Fischberg – fizeram “agressões gratuitas” a ele nas alegações finais em defesa de seus clientes.

De acordo com Barbosa, os advogados alegam que ele agiu de forma parcial, tomando decisões midiáticas e dando entrevistas adiantando sua intenção de condenar os réus. “Tais afirmações, para dizer o mínimo, ultrapassam o limite da deselagância e da falta de lealdade e urbanidade que se exige de todos os advogados do processo, aproximando-se da pura ofensa pessoal”.

O ministro sugeriu que o STF encaminhasse um ofício à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para abertura de processo disciplinar contra os defensores, mas a ideia foi acatada apenas pelo ministro Luiz Fux, que é juiz de carreira. Os demais ministros entenderam que os advogados têm licença para usar os meios que considerarem necessários para defender seus clientes.

O posicionamento da maioria da Corte desagradou o relator, que disse que a honra do Tribunal foi atacada e, não, apenas a sua. “Cada país tem o modelo de Justiça que merece. Se [a Justiça] se deixa agredir, se deixa ameaçar por uma guilda profissional, nunca se sabe qual é o fim que lhe é reservado”.

O ministro Marco Aurélio respondeu ao colega que não se sentiu atacado pelas ofensas, o que provocou nova reação de Barbosa: “Vossa Excelência talvez faça parte...”, disse o ministro, sem concluir o raciocínio.

Mais cedo, os ministros rejeitaram as preliminares que pediam o desmembramento do processo e o impedimento do relator, destacando que as questões já foram respondidas anteriormente pela Corte. Eles também rejeitaram o pedido de anulação do processo sob o argumento de inépcia – termo jurídico que diz que o Ministério Público não detalhou os crimes nem a participação de cada acusado.

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoEscândalosFraudesJoaquim BarbosaMensalãoPolítica no BrasilSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas