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Doria infla números para justificar privatização do Pacaembu

João Doria afirmou que Pacaembu custa R$ 40 milhões aos cofres públicos a cada 4 anos, mas dados da secretaria mostram que o custo é de R$ 26,8 milhões


	Pacaembu: média anual de despesas do estádio, segundo dados, é de R$ 4,8 milhões; Doria disse que chega a R$ 10 milhões
 (Junior Lago / Placar)

Pacaembu: média anual de despesas do estádio, segundo dados, é de R$ 4,8 milhões; Doria disse que chega a R$ 10 milhões (Junior Lago / Placar)

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Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2016 às 09h02.

São Paulo - Para justificar a sua intenção de conceder o Pacaembu à iniciativa privada, o prefeito eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), alega que o estádio custa, a cada quatro anos, R$ 40 milhões aos cofres públicos.

Dados da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação (SEME), responsável pela administração do estádio, repassados ao Estado, porém, mostram que os custos de manutenção do Paulo Machado de Carvalho são bem menores do que os apresentados por Doria.

Segundo a secretaria, de janeiro de 2012 a julho de 2016, as despesas do estádio somaram R$ 26,8 milhões. As receitas no período foram de R$ 15,4 milhões, totalizando R$ 11,3 milhões de déficit.

Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo na última terça-feira, dois dias após ser eleito, Doria disse que o Pacaembu representa, a cada quatro anos, R$ 40 milhões de despesa.

"É um dinheiro substantivo. O programa de desestatização tem como primeiro fator a redução de despesas. O outro é a geração de receita", afirmou.

Nos últimos cinco anos, a média anual de despesas do Pacaembu foi de R$ 4,8 milhões. Em 2013, o valor subiu para R$ 7,5 milhões por causa de obra na piscina, nos banheiros, vestiários e troca de filtros.

Nas contas de João Doria, a média anual de despesas do estádio municipal é de R$ 10 milhões. No ano passado, a gestão de Fernando Haddad (PT) abriu processo de concessão e chegou a receber três propostas para modernização do Pacaembu, mas o projeto não avançou.

A ideia de Doria é que a concessão dure entre 10 ou 15 anos. O tucano defende que o nome do estádio continue Paulo Machado de Carvalho e que não seja trocado pelo de patrocinadores.

Ou seja, o "novo Pacaembu" não teria "naming rights". O prefeito eleito pretende que o estádio seja usado apenas para partidas de futebol e não shows ou realização de cultos religiosos de igrejas da cidade.

Apesar de Corinthians, São Paulo e Palmeiras já terem estádios próprios, e do Santos possuir um projeto de construção de arena na Baixada Santista, além da Vila Belmiro, o tucano acredita que não é preciso que um clube administre o Pacaembu e aposta que uma empresa possa assumir o local em 2017.

O número de partidas realizadas no Pacaembu caiu desde a inauguração do Itaquerão (do Corinthians) e do Allianz Parque (do Palmeiras), em 2014. No ano passado, o estádio recebeu apenas 13 jogos - em 2013, foram 73. Esse ano, a quantidade aumentou para 23, incluindo uma partida da seleção brasileira masculina de rúgbi.

O Flamengo, após o fechamento do Maracanã por causa dos Jogos Olímpicos, atuará neste domingo, diante do Santa Cruz, pela terceira vez no ano no estádio municipal. Antes, enfrentou Fluminense e Figueirense no local.

Na próxima quinta-feira, São Paulo e Santos se enfrentarão no Pacaembu. O clássico será com torcida única são-paulina, devido a um acordo entre as diretorias dos dois clubes, que definiram no início do Campeonato Brasileiro que os confrontos do primeiro e do segundo turno do Nacional seriam no Paulo Machado de Carvalho.

Procurada pelo jornal O Estado de S.Paulo, a assessoria do prefeito eleito confirmou os números citados por João Doria e afirmou que manterá a ideia de concessionar o estádio qualquer que seja o peso da manutenção para o contribuinte.

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