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Jaques Wagner e ACM Neto trocam farpas durante carnaval

Os dois estiveram no Circuito Osmar (Campo Grande), cada um em seu camarote, para acompanhar os desfiles de trios


	Jaques Wagner, governador da Bahia: governador fez críticas ao modelo da "zona de exclusividade comercial" nos três circuitos da festa
 (Samuel Barbosa/Agência Portrait)

Jaques Wagner, governador da Bahia: governador fez críticas ao modelo da "zona de exclusividade comercial" nos três circuitos da festa (Samuel Barbosa/Agência Portrait)

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Da Redação

Publicado em 2 de março de 2014 às 16h30.

Salvador - O clima de paz e amor instalado entre o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), e o prefeito da capital baiana, Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM), que chama a atenção desde que o gestor municipal assumiu o cargo no início do ano passado em razão da rivalidade histórica entre seus partidos, foi estremecido neste domingo. Os dois estiveram no Circuito Osmar (Campo Grande), cada um em seu camarote, para acompanhar os desfiles de trios.

O pivô da polêmica foi o estabelecimento, por parte da Prefeitura, da "zona de exclusividade comercial" nos três circuitos da festa. Para obter valores maiores pelas cotas de patrocínio oficial da folia, a administração municipal restringiu o comércio de produtos dentro dos circuitos aos oferecidos pelos patrocinadores. Com isso, arrecadou R$ 45 milhões para a festa, que custa cerca de R$ 28 milhões aos cofres municipais.

Do total arrecadado, R$ 20 milhões vieram de duas empresas de bebidas. Com o investimento, o Grupo Petrópolis, por meio da marca Itaipava, obteve o direito de exclusividade de venda de bebidas no Circuito Dodô (Barra-Ondina) e a Brasil Kirin, com a marca Schin, o monopólio nos Circuitos Osmar e Batatinha (Pelourinho).

O governador fez críticas ao modelo: "(A exclusividade) é uma coisa antipática, vi muita gente reclamar", comentou Wagner. "Claro que quem paga quer ter direito à exclusividade, mas não é tão simples. É estranho, mas foi o que ele (o prefeito) vendeu para o patrocinador, para arrecadar mais. O governo não vendeu nenhum patrocínio e colocou R$ 62 milhões no carnaval, apenas pelo retorno que ele dá."

Não tardou para que ACM Neto soubesse das declarações e reagisse. "Lamentavelmente, o governo do Estado não teve a mesma criatividade, o que poderia resultar em outros benefícios para a cidade", disse. "O dinheiro que a Prefeitura utilizaria para fazer a festa será revertido em mais investimentos para cultura, educação, saúde, mobilidade e outras áreas. Ou seja, Salvador sai ganhando com essa medida, que é inédita."

Apesar da polêmica sobre a exclusividade comercial, os dois gestores concordaram sobre outra medida tomada pela Prefeitura - e derivada da primeira: o fechamento dos circuitos, com acessos apenas por pórticos nos quais trabalham fiscais da Prefeitura e policiais. "Essa medida passa uma sensação de mais segurança, acho que é um elemento inibidor para quem vem para a festa querendo bagunçar", disse Wagner. "Nos primeiros dias, a gente teve uma redução significativa dos registros policiais nos circuitos."

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, nos três primeiros dias do carnaval de Salvador, todos os indicadores de violência sofreram queda, na comparação com os do mesmo período da folia do ano passado. As mais expressivas são as reduções dos casos de furto (40% a menos), de lesões corporais (recuo de 29%) e de roubos (queda de 28,3%).

Apesar da melhoria dos dados, já foi registrado um homicídio nos circuitos da festa. A vítima, Wellington de Jesus Santos, de 27 anos, foi morta a tiros, nas proximidades do Circuito Osmar, na madrugada de sábado. Segundo o secretário Maurício Barbosa, o suspeito do crime foi flagrado por câmeras de monitoramento e as imagens estão passando por tratamento para a identificação.

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