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Janot quer que Gleisi, Bernardo e Kugler devolvam R$ 2 mi

Procurador-geral da República quer que senadora Gleisi Hoffman, seu marido e ex-ministro Paulo Bernardo e o empresário Ernesto Kugler devolvam R$ 2 milhões


	Paulo Bernardo: ex-ministro das Comunicações é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, ao lado da esposa, Gleisi Hoffman, e do empresário Ernesto Kugler.
 (Antonio Cruz/ABr)

Paulo Bernardo: ex-ministro das Comunicações é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, ao lado da esposa, Gleisi Hoffman, e do empresário Ernesto Kugler. (Antonio Cruz/ABr)

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Da Redação

Publicado em 10 de maio de 2016 às 06h49.

Brasília - Em denúncia oferecida ao Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pede que a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo (Planejamento e Comunicações dos governos Lula e Dilma) e o empresário Ernesto Kugler devolvam R$ 2 milhões aos cofres públicos por envolvimento no esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato.

De acordo com Janot, R$ 1 milhão do valor a ser devolvido é o equivalente à multa por danos materiais ao erário; a outra metade deve suprir os danos morais, já que, conforme escreve o procurador-geral da República, "os prejuízos decorrentes da corrupção são difusos, sendo dificilmente quantificados".

Gleisi, Paulo Bernardo e Kugler são acusados pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Os termos da denúncia relacionam o trio em um esquema que desviou R$ 1 milhão do caixa da Petrobras para financiar a campanha de Gleisi ao Senado em 2010.

O valor foi requisitado por Bernardo ao ex-diretor de abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, e os pagamentos foram feitos com ajuda de Kugler.

Segundo Janot, o valor solicitado por Paulo Bernardo foi uma barganha para que tanto a senadora quanto o ex-ministro, nomes importantes nos quadros do PT, apoiassem a manutenção de Paulo Roberto Costa a frente da diretoria da empresa.

O procurador-geral da República sustenta também que o ex-ministro das Comunicações agia como um "verdadeiro operador de sua esposa", valendo-se inclusive da importância do ministério que ele ocupava.

Delações confirmadas

A abertura do inquérito contra o trio tem como base a delação premiada do próprio Paulo Roberto Costa, o primeiro delator da Lava Jato.

Em seguida, as informações que ele ofereceu contra Gleisi, o marido e o empresário no acordo com o Ministério Público Federal foram sustentadas pelo doleiro Alberto Youssef, que afirmou ter realizado os pagamentos à campanha da petista.

A denúncia de Janot ao Supremo só ganhou forma, no entanto, após o depoimento prestado em acordo de delação premiada do advogado Antonio Carlos Brasil Fioravante Pieruccin. Embora Gleisi, Paulo Bernardo e Kugler negassem todas as acusações contra eles, Pieruccin, que trabalhava como entregador de Youssef, confirmou ter feito repasses para a campanha da senadora diretamente a Kugler.

O advogado afirma que usava uma caixa lacrada com uma etiqueta onde se lia "P.B./Gleisi".

A quebra do sigilo telefônico dos investigados sustentou o teor das delações premiadas. Embora negassem contato, Kugler fez 116 ligações para o PT em um período de quatro meses no período das eleições e outras 29 para o número do responsável pela administração financeira da campanha de Gleisi. Há também provas de telefonemas feitos diretamente para a senadora.

A análise da denúncia de Janot deverá ser feita pelo ministro do STF Teori Zavascki, relator da Lava Jato na Corte. Se o ministro considerar haver elementos suficientes contra os acusados, a senadora, o ex-ministro e o empresário amigo do casal passarão de investigados a réus. Se condenada, Gleisi perderá seu mandato no Senado.

Responsáveis pelas defesas de Gleisi e Paulo Bernardo, os advogados Rodrigo Mudrovitsch e Verônica Sterman rebateram em nota divulgada no último sábado a denúncia oferecida por Janot ao STF.

Em nota em relação à senadora, a dupla diz ter recebido com "inconformismo" a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal.

No caso de Paulo Bernardo, os advogados afirmam que a acusação criminal se baseia em "declarações contraditórias e inverossímeis". A defesa de Kugler não foi localizada.

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