O procurador-geral da República, Rodrigo Janot (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de agosto de 2015 às 19h57.
São Paulo - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi o mais votado na eleição interna entre os procuradores realizada nesta quarta-feira e encabeçará a lista tríplice que será enviada pela categoria à presidente Dilma Rousseff com vistas à indicação do novo chefe do Ministério Público.
Janot, cujo mandato atual acaba em setembro, recebeu 799 votos, enquanto que Mario Bonsaglia ficou com 462 e Raquel Dogde levou 402. Embora não tenha obrigação de escolher um nome da lista, Dilma tem, desde que assumiu seu primeiro mandato em 2011, indicado para procurador-geral o nome mais votado pela categoria.
À frente da Procuradoria-Geral da República (PGR), Janot tem comandado as investigações de políticos envolvidos na operação Lava Jato, que apura um esquema bilionário de corrupção na Petrobras, entre eles os presidentes da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), contra quem Janot pediu e obteve do Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquéritos.
Caso Dilma decida manter a tradição, inaugurada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de indicar para a PGR o mais votado na eleição interna realizada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Janot terá de passar por uma sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e ter seu nome aprovado tanto pela comissão quanto pelo plenário da Casa.
A sabatina de Janot, caso aconteça, deverá ser tensa, assim como a votação de seu nome no plenário do Senado. Isso porque o procurador, que já era alvo de críticas de alguns senadores, atraiu ainda mais a antipatia de parlamentares após a operação Politeia, na qual a Polícia Federal realizou operações de busca e apreensão contra políticos por determinação do STF, que atendeu ao pedido de Janot.
Na ocasião, até mesmo imóveis funcionais de senadores foram alvos das operações da PF, o que irritou o senador Fernando Collor (PTB-AL), um dos alvos da Politeia e crítico feroz de Janot, e Renan, que viu na operação uma "violência contra as garantias constitucionais em detrimento do Estado Democrático de Direito".
Entre os alvos da Politeia, que é um desdobramento da Lava Jato, estavam os também senadores Fernando Bezzera (PTB-AL) e Ciro Nogueira (PP-PI), além do líder do PP na Câmara, Eduardo da Fonte (PE).
Texto atualizado às 19h57