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Janot diz que Aécio quer por "freio de arrumação" na PF

O procurador-geral insiste no decreto de prisão preventiva do tucano decorrente de flagrante por crime inafiançável na Operação Patmos

Aécio Neves: "Aécio Neves se apresenta como um dos protagonistas dessa estratégia", diz Janot (José Cruz/Agência Brasil)

Aécio Neves: "Aécio Neves se apresenta como um dos protagonistas dessa estratégia", diz Janot (José Cruz/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de maio de 2017 às 16h23.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse que o senador Aécio Neves (PSDB/MG) quer pôr um "freio de arrumação na Polícia Federal".

Ao insistir no decreto de prisão preventiva do tucano decorrente de flagrante por crime inafiançável na Operação Patmos - que mira também o presidente Michel Temer e o deputado Rocha Loures (PMDB/PR) -, por meio de recurso ao Plenário do Supremo Tribunal Federal, Janot transcreve diálogo entre Aécio e o senador José Serra, também do PSDB. Eles caíram no grampo da PF no dia 13 de abril.

Aécio e Serra falam sobre uma eventual troca no Ministério da Justiça, Pasta ocupada pelo deputado Osmar Serraglio (PMDB/PR).

Serra sugere "alguém como o Jungmann", em referência ao ministro da Defesa Raul Jungmann (PPS/PE).

Nas 66 páginas do recurso, o procurador destaca ainda um diálogo de Aécio com o empresário Joesley Batista, acionista da JBS, no dia 24 de abril.

O tucano fala que "a estratégia para justificar a aprovação do projeto de abuso de autoridade é usar os supostos erros da Operação Carne Fraca, escondendo o real objetivo de que de fato, seria para impedir ou embaraçar a Operação Lava Jato".

"Aécio Neves se apresenta como um dos protagonistas dessa estratégia, afirmando que, nesta agenda, 'estou mergulhado nisso minha vida é isso, minha vida virou um inferno'", assinala o procurador.

"Vê-se que a 'firmeza' que se espera do ministro da Justiça é no sentido de colocar um freio de arrumação na Polícia Federal", afirma Janot.

O procurador observa que a estratégia do tucano "coincide" com aquela discutida entre o senador Romero Jucá (PMDB/RR) e o delator Sérgio Machado.

Ex-presidente da Transpetro, Machado gravou reuniões com Jucá e também com o senador Renan Calheiros (PMDB/AL) e o ex-presidente José Sarney (PMDB/AP).

Os diálogos que Machado gravou, em março de 2016, revelam empenho dos caciques do PMDB em travar a Lava Jato. "Um grande acordo envolvendo o PSDB, o PMDB e o próprio PT para barrar a Lava Jato", crava Janot.

"Esses áudios estão em perfeita harmonia com os diálogos mantidos por Aécio Neves com Romero Jucá no dia 13 de abril de 2017, no qual de forma dissimulada eles tratam da junção de esforços de vários políticos para colocar um limite na 'Operação Lava Jato'; e, José Serra, no dia 13 de abril de 2017, no qual tratam da necessidade de se colocar um Ministro da Justiça forte."

Defesas

O senador José Serra se manifestou sobre a reportagem:

"Tenho numerosas conversas sobre política diariamente. Não me lembro dessa conversa rápida com o senador Aécio Neves. Em todo caso, conforme se verifica no diálogo transcrito, nada que não fosse republicano foi tratado. Pelo contrário, há até uma ressalva de que a sugestão se deu sob o ponto de vista exclusivamente político", disse.

Em nota, o advogado Alberto Zacharias Toron, da defesa do senador Aécio Neves, afirmou:

"O diálogo mencionado não tem o teor que a representação faz parecer ter. A conversa, absolutamente republicana, entre dois senadores, não traz nenhum fato ou mesmo indício de qualquer tipo de iniciativa imprópria de ambas as partes. Analisar a atuação do governo e de ministérios, no caso, o da Justiça, é natural e inerente à atividade parlamentar."

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