Janot: "A força-tarefa é um instrumento essencial. Sem ela não podemos cooperar" (Adriano Machado/Reuters)
Reuters
Publicado em 1 de agosto de 2017 às 21h45.
Brasília - Os chefes dos Ministérios Públicos de Brasil e Argentina acusaram os governos dos dois países de interferirem na criação de uma força-tarefa conjunta para investigar propinas pagas pela Odebrecht para que políticos, muitos deles investigados, controlem a troca de informações.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse nesta terça-feira que os dois países concordaram em junho estabelecer uma força-tarefa para permitir a investigação rápida e simultânea de propinas pagas pela Odebrecht, mas o esforço conjunto não decolou.
"A força-tarefa é um instrumento essencial. Sem ela não podemos cooperar e não podemos atuar de forma regional no combate à corrupção", disse Janot a jornalistas.
Em comunicado divulgado no final da segunda-feira, Janot e sua correspondente argentina, Alejandra Gils Carbó, acusaram os dois governos de interferirem nos esforços para investigar em conjunto a rede de propinas da Odebrecht.
"Alertamos que as autoridades centrais em matéria de cooperação jurídica internacional de ambos os países --Ministério da Justiça do Brasil e Ministério das Relações Exteriores da Argentina-- apresentaram obstáculos e requisições que constituem ingerências indevidas no estabelecimento dos acordos em matéria de investigação no caso Odebrecht", afirma o comunicado.
"Esperamos que as autoridades centrais acompanhem esses esforços e resolvam de maneira urgente os obstáculos impostos", acrescenta.
Eles afirmaram que o Ministério da Justiça do Brasil buscou estabelecer as regras do esforço conjunto de forma que as evidências fossem compartilhadas por meio de canais governamentais e não diretamente entre os dois Ministérios Públicos.
Na Argentina, afirmaram, o Ministério das Relações Exteriores queria transformar a força-tarefa em um tratado assinado pelo governo, prejudicando a cooperação entre os investigadores.