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Janaina Paschoal não apoia atos pró-Bolsonaro: "presidente gerando caos"

"Não tem sentido quem está com o poder convocar manifestações! Raciocinem! Eu só peço o básico!", escreve a deputada estadual

Janaina Paschoal: "Não me calei diante dos crimes da esquerda, não me calarei diante da irresponsabilidade da direita" (Agência Senado/Divulgação)

Janaina Paschoal: "Não me calei diante dos crimes da esquerda, não me calarei diante da irresponsabilidade da direita" (Agência Senado/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de maio de 2019 às 11h04.

Última atualização em 20 de maio de 2019 às 17h11.

São Paulo - A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP), conhecida por ter sido uma das autoras do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, não concorda com as manifestações que estão sendo convocadas para apoiar o presidente Jair Bolsonaro no dia 26 de maio.

No domingo (19) e na segunda-feira (20), ela publicou no Twitter duas séries de mensagens explicando as suas razões.

Janaina escreve que "o Governo se coloca em uma situação de imobilismo e chama as pessoas para tirá-lo do imobilismo".

Para ela, o governo apoiou Rodrigo Maia para presidente da Câmara dos Deputados e orientou sua base a votar para retirar poder do Executivo, referência à proposta de emenda constitucional do Orçamento Impositivo.

"Tivesse o Presidente apoiado um Presidente da Cãmara coerente com os novos paradigmas... tivesse orientando seus líderes a votar contra medidas restritivas de seus poderes... tivesse se esforçado para defender a Previdência e, ainda assim, o Congresso o estivesse sabotando, obviamente, eu apoiaria as manifestações. Mas não foi isso que aconteceu. Por quê?".

Para ela, se as ruas estiverem vazias, Bolsonaro perceberá que terá de parar de "fazer drama" para trabalhar.

"Pelo amor de Deus, parem as convocações! Essas pessoas precisam de um choque de realidade. Não tem sentido quem está com o poder convocar manifestações! Raciocinem! Eu só peço o básico! Reflitam!", escreveu. "Àqueles que amam o Brasil, eu rogo: não se permitam usar! Não me calei diante dos crimes da esquerda, não me calarei diante da irresponsabilidade da direita", afirma também.

Janaina conta na rede social que tem recebido muitos pedidos para gravar vídeos e áudios colaborando com as convocações. Por isso, decidiu se posicionar no Twitter para explicar por que não vai ajudar. "O presidente foi eleito para governar nas regras democráticas, nos termos da Constituição Federal. Propositalmente, ele está confundindo discussões democráticas com toma-lá-dá-cá", escreve.

A parlamentar diz também que não tem cabimento deputados eleitos legitimamente (aliados de Bolsonaro) fugirem das dificuldades de convencer os colegas (pela aprovação de medidas no Congresso) e ficarem instigando o povo a gerar o caos.

"Estão causando um terrorismo onde não há! As pessoas estão apavoradas, escrevendo que nosso presidente está correndo risco. Ele não é amado pela esquerda, pelos formadores de opinião? É verdade", ela afirma. "Mas quem o está colocando em risco é ele, os filhos dele e alguns assessores que o cercam. Acordem! Dia 26, se as ruas estiverem vazias, Bolsonaro perceberá que terá que parar de fazer drama para trabalhar", acrescenta.

Janaina defende que os adversários do governo sejam enfrentados com argumentos. "Há tempos, não temos um Ministério tão bom! Profissionais de ponta, nas pastas adequadas, orientados por boa teoria, bons valores, com experiência prática. E o Presidente gerando o caos?", questiona.

Poucos minutos depois dos tuítes publicados pela deputada, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, escreveu em sua conta no Twitter que não há nada mais democrático do que uma manifestação ordeira que cobre dos representantes a mesma postura de seus representados.

"Estaremos de olho para divulgar os resultados e a conduta dos parlamentares nas pautas que interessam ao Brasil", disse o deputado, em referência à reforma administrativa, à reforma da Previdência e ao pacote anticrime.

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