Brasil

Jamais apoiei o golpe, diz Temer sobre impeachment de Dilma

Em entrevista ao programa "Roda Viva", Temer afirmou que telefonema com Lula mostra como ele nunca foi "adepto do golpe"

Michel Temer: ex-presidente também afirmou que não "há críticas diretas" ao governo dele (Amilcar Orfali / Correspondente/Getty Images)

Michel Temer: ex-presidente também afirmou que não "há críticas diretas" ao governo dele (Amilcar Orfali / Correspondente/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 17 de setembro de 2019 às 07h18.

Última atualização em 17 de setembro de 2019 às 19h11.

São Paulo - Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (16), o ex-presidente Michel Temer afirmou que "não apoiou o golpe", referindo-se ao impeachment de Dilma Rousseff, em 2016. De acordo com o emedebista, um telefonema feito pelo também ex-presidente Lula mostra como ele não era "adepto do golpe".

"Jamais apoiei ou fiz empenho pelo golpe [...] O Lula pleiteava trazer o PMDB para impedir o impeachment e eu tentei. Mas, à esta altura, confesso, que a movimentação popular era tão grande, tão intensa, que os partidos já estavam mais ou menos vocacionados para a ideia do impedimento", disse ele. "Apenas assumi a presidência da República pela via, não só constitucional, como eleitoral porque quando a senhora ex-presidente foi eleita, eu também fui eleito", completou.

O telefonema citado por Temer se trata de vazamentos divulgados pelo jornal Folha de S. Paulo na semana passada. Segundo anotações feitas pela PF obtidas pelo jornal, o ex-presidente petista queria "ser o parceiro de Temer para reconstruir a relação com PMDB" e prometeu tratar do assunto com Dilma.

Em outro momento da ligação, segundo a Folha, Lula se mostrou preocupado com as manifestações pró-impeachment que estavam acontecendo ao redor do Brasil. "A classe política tem que se unir para recuperar o seu espaço", Lula teria dito.

Quando perguntado se havia percebido que o impeachment poderia resultar na eleição do atual presidente Jair Bolsonaro, Temer afirmou que "não faz conexão" entre os fatos. "De tempos em tempos, o Brasil quer mudar tudo. Aconteceu na eleição do Lula e aconteceu agora na eleição do Bolsonaro. Houve uma ponta para mudar tudo o que estava presente política e administrativamente", disse. "É interessante até notar uma coisa: que toda que vez que há observações governamentais, há um salto. Salta-se dos governos passados para o governo Bolsonaro e não há críticas diretas, você pode perceber, ao meu governo", finaliza.

Os termos "Temer" e "Golpe", respectivamente, eram dos dois assuntos mais comentados no Twitter nesta manhã.

Lava Jato

Ex-presidente disse que sua prisão, em março, não seguiu o devido processo legal e que a força-tarefa da Operação Lava Jato tenta "quebrá-lo psicologicamente" ao envolver sua filha, Maristela, na acusação em que responde por lavagem de dinheiro. Ele negou as acusações e disse que a filha vai demonstrar "cabalmente" no processo que não recebeu dinheiro.

"Depois que tentaram me derrubar do governo, e não conseguiram, tentam me quebrar psicologicamente envolvendo a minha filha", disse o ex-presidente durante a entrevista, na noite desta segunda-feira, 16. No caso, conhecido como "Quadrilhão do MDB", o Ministério Público Federal acusou Temer, Maristela, o amigo de Temer João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, e a esposa dele, Maria Rita Fratezi, de lavar R$ 1,6 milhão de origem supostamente ilícita. A acusação diz que coronel Lima teria pago por reformas na casa de Maristela.

"O coronel João Baptista Lima Filho não pagou por essa reforma", rebateu Temer, no programa. Segundo o MPF, o MDB teria arrecadado propina da construtora Engevix para que a empresa assumisse obras da usina nuclear de Angra 3. A propina, segundo a acusação, teria sido paga através de uma empresa do coronel Lima e gasta nas reformas da casa.

O presidente ainda disse que a prisão foi decretada sem que ele fosse ouvido no processo. "O juiz pegou aquilo e, sem indiciamento, sem denúncia, acolhimento de denúncia, sem ouvir o acusado, mandou decretar a prisão", disse. A prisão foi decretada em março pelo juiz Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio. "Se acontece comigo, você pode imaginar o que pode acontecer com o cidadão comum."

Acompanhe tudo sobre:Dilma RousseffEXAME-no-InstagramImpeachment de Dilma RousseffMichel TemerOperação Lava Jato

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas