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Itaú: fuga de investidores japoneses teria impacto transitório no câmbio

Economista Darwin Dib explica que eventual repatriação de recursos para a reconstrução do Japão geraria efeito apenas no curto prazo

Dólar que sai, também entra: japoneses podem ser substituídos por outros estrangeiros (Stock.xchng)

Dólar que sai, também entra: japoneses podem ser substituídos por outros estrangeiros (Stock.xchng)

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Da Redação

Publicado em 22 de março de 2011 às 16h46.

São Paulo – Uma possível migração de recursos japoneses do Brasil para o Japão não terá grande influência no câmbio, na avaliação do economista do Itaú Unibanco Darwin Dib, que participou nesta terça-feira (22) do programa “Momento da Economia”, na Rádio EXAME.

“A repatriação de recursos japoneses pode ter um feito (desvalorização no câmbio), sim, mas um efeito evidentemente transitório. Se ele for relevante, será no curto prazo. Ele certamente não é um componente que vai ficar na mesa indefinidamente. É natural que esse efeito ocorra, mas de forma transitória”, diz Dib.

Em discurso no Senado, nesta terça-feira (22), o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, demonstrou preocupação. “Há ainda, do lado financeiro, a possibilidade de repatriação de ativos japoneses para ajudar o financiamento da recuperação, com impactos, nesse caso, sobre a evolução das taxas de câmbio.”

O economista do Itaú Unibanco acredita que, nesse cenário, haveria uma substituição dos japoneses por outros investidores. “Quando o investidor estrangeiro sai do ativo local, você tem novos investidores interessados em ter esse ativo a um preço menor. Além disso, posteriormente, haverá uma normalização do fluxo de investimentos do próprio Japão à medida em que o processo de recuperação fique mais claro.”

Sobre a estabilidade cambial constatada nos últimos meses, Darwin Dib explica que houve uma mudança relevante no mercado a partir de ações do governo para reduzira liquidez. “Começou em outubro com a elevação IOF para investimento estrangeiro em renda fixa. Temos uma menor volatilidade na taxa de câmbio que decorre de uma postura mais firme do governo central no sentido de tentar evitar uma apreciação maior do real.”

A escolha do governo de priorizar a proteção ao setor industrial em detrimento da inflação não é fácil, segundo o especialista. “Em economia você não pode ter tudo. Se você, como condutor da política econômica, decide evitar uma apreciação para tentar ajudar os setores que sofrem com isso, por outro lado, você vai ter que colher uma taxa de inflação maior, o que obrigará uma alta dos juros e, portanto, você vai ter um crescimento menor. Está tudo amarrado. Você não consegue ter tudo, assim como na vida.”

Na entrevista (para ouvi-la na íntegra, clique na imagem ao lado), Darwin Dib também analisa os efeitos da guerra na Líbia e dos conflitos no Oriente Médio na economia brasileira e mundial.

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