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Itaquerão ainda é canteiro de obras a 78 dias da Copa

No estádio que receberá a abertura do evento, milhares de assentos não foram instalados, fios estão soltos e telões ainda precisam ser montados


	Secretário-geral da Fifa, Jérome Valcke, vistoria Itaquerão, na zona leste de São Paulo: para a entidade, o estado da arena está entre as maiores preocupações 
 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Secretário-geral da Fifa, Jérome Valcke, vistoria Itaquerão, na zona leste de São Paulo: para a entidade, o estado da arena está entre as maiores preocupações  (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 26 de março de 2014 às 15h03.

Rio de Janeiro - Vigas amarelas gigantes de aço sustentam o telhado, milhares de assentos não foram instalados, telões ainda precisam ser montados e nos vestiários não há qualquer sinal de mobiliário.

Estas são as condições da Arena Corinthians, em São Paulo, que receberá o jogo de abertura da Copa do Mundo daqui a 78 dias. Para a Fifa, a organização que dirige o futebol, o estado da arena de R$ 820 milhões (US$ 355 milhões) está entre as maiores preocupações em um momento em que o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, realiza uma semana de reuniões com organizadores e governos locais.

Durante um passeio exclusivo pelo estádio, ontem, fios soltos podiam ser vistos em algumas áreas e assentos brancos estavam empilhados na entrada do estádio. O acesso foi fornecido pelo Corinthians, o time que é dono do estádio da cidade mais populosa do País.

O estádio, conhecido localmente como Itaquerão, se tornou um dos símbolos do atribulado processo de construção para o mais assistido evento esportivo de modalidade única.

O custo dos 12 estádios que estão sendo construídos ou reformados para a Copa do Mundo inchou mais de 40 por cento, para pelo menos R$ 8 bilhões, e quase todos descumpriram os prazos de conclusão -- com três ainda por terminar.

Seis operários morreram em acidentes, dois deles em São Paulo, com a queda de uma grua, em novembro.

“Estamos nas fases finais”, disse Marco Antonio Antunes, porta-voz da Odebrecht, empresa responsável por construir a Arena Corinthians, em entrevista, hoje, enquanto o trabalho era realizado ao seu redor.

Camarotes por terminar

Os camarotes ainda precisam ser concluídos. Os vestiários de equipes e árbitros e a área para teste de dopagem ainda não contam com instalações e acomodações.

O acidente com a grua gerou dúvidas sobre se o estádio, com 65.807 lugares, estará pronto a tempo. Um pedaço de metal pesando 400 toneladas caiu do telhado, que ainda é escorado por vigas de aço. O processo para removê-las foi iniciado e levará mais duas semanas para ser concluído, disse Antunes, acrescentando que o acidente com a grua atrasou a conclusão em mais de 20 dias.

A Odebrecht prometeu concluir a construção até 15 de abril. “Até o dia 15 tudo que você vê aqui que não está terminado estará terminado”, disse Antunes. “E então, caberá à Fifa terminar seu trabalho”.

Embora seja responsável pela construção principal, a Odebrecht não está trabalhando nas estruturas temporárias exigidas pela Fifa para os estádios de Copa do Mundo.

Valcke disse que a Fifa normalmente precisa de 90 dias para instalar essas estruturas, o que inclui assentos para a mídia, tendas para atendimento a empresas e telas gigantes. Nada desse trabalho era visível ontem no estádio. Aproximadamente um terço dos assentos do estádio serão temporários.

“O maior desafio é garantir que tudo o que chamamos estrutura temporária possa estar pronto”, disse Valcke neste mês, citando problemas em Porto Alegre. “Do lado de fora do estádio em Porto Alegre não foi feita pavimentação. Quero dizer, não podemos instalar todo o complexo para as TVs, o complexo de hospitalidade, todas essas diferentes zonas, sem qualquer pavimentação”.

Nesta semana, uma pesquisa do Datafolha, de São Paulo, revelou que mais de metade dos consultados em um país louco por futebol não está otimista em relação à competição, com 24 por cento dizendo que será “ruim” ou “terrível”.

“Nada estará 100 por cento terminado”, disse Sérgio Rodrigues, um segurança de 43 anos de idade que não trabalha no estádio. “É uma verdadeira vergonha para o Brasil. Nós temos os recursos para sediar a Copa do Mundo, mas, como tudo mais, nada é planejado como deveria. É sempre a mesma coisa”.

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