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Itamaraty faz ofensiva para conter pressão após morte de Marielle

Horas depois do anúncio da morte da vereadora, grupos, entidades e partidos políticos no exterior passaram a condenar a violência no Brasil

Reação a morte de Marielle: a ONU emitiu uma dura nota exigindo que houvesse uma investigação sobre o caso (Sergio Moraes/Reuters)

Reação a morte de Marielle: a ONU emitiu uma dura nota exigindo que houvesse uma investigação sobre o caso (Sergio Moraes/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de março de 2018 às 17h38.

Última atualização em 16 de março de 2018 às 17h39.

Genebra - A chancelaria enviou a todas suas embaixadas do mundo instruções para que os diplomatas do Itamaraty entrem em contato com autoridades locais e com formadores de opinião para "expor de maneira mais ampla possível as medidas tomadas pelo governo para esclarecer o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes".

Horas depois do anúncio da morte da ativista, grupos, entidades e partidos políticos no exterior passaram a condenar a violência no Brasil.

Na ONU, a entidade fugiu de sua tradicional prática de esperar dias para fazer um comentário e, menos de 24 horas depois do assassinato, emitiu uma dura nota exigindo que houvesse uma investigação sobre o caso, assim como garantias de que os responsáveis fossem levados à Justiça.

No Parlamento Europeu, uma coalizão de partidos de esquerda composta por 52 deputados enviou uma carta para a chefe da diplomacia do bloco pedindo a suspensão das negociações entre Mercosul e Europa até que o Brasil desse respostas sobre a proteção a defensores de direitos humanos.

ONGs estrangeiras também reforçaram a repercussão internacional, com comunicados e denúncias. Relatores da ONU também passaram a se mobilizar para pedir explicações formais ao governo.

Num primeiro telegrama, o Itamaraty informou sua rede de representantes sobre a posição do governo, enviando anexos dos comunicados emitidos pela presidência da República, pela Secretaria Especial de Comunicação Social, pelo ministro de Direitos Humanos, Gustavo Rocha, e pela Secretaria de Políticas para Mulheres.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que um segundo telegrama também foi enviado, instruindo certas embaixadas a ter uma atitude mais "ativa". A orientação, nesse caso, era de que os postos fossem em busca das autoridades nacionais onde estavam para dar a posição oficial do que vem sendo feito para elucidar o caso.

Mas a onda de críticas promete crescer nos próximos dias. Agnes Callamard, relatora da ONU para execuções sumárias, não esconde sua preocupação sobre a situação brasileira. Ela revelou que, em um ano, enviou cinco cartas sigilosas ao governo brasileiro exigindo respostas sobre assassinatos ocorridos no Brasil. "O trágico assassinato de Marielle Franco é um desenvolvimento extremamente preocupante para o Brasil", escreveu à reportagem.

Nos bastidores, organizações não-governamentais estrangeiras e brasileiras estão se mobilizando para usar o caso da ativista carioca para expor as autoridades brasileiras na ONU, possivelmente em uma reunião na sede das Nações Unidas em Genebra.

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