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Isenção de IR para R$ 5 mil: saiba o que está em jogo para o projeto na Comissão da Câmara

Instalação da comissão é o primeiro passo para o projeto avançar na Câmara. Principal discussão será em torno da compensação da isenção

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 6 de maio de 2025 às 06h09.

A Câmara dos Deputados instala nesta terça-feira, 6, a comissão especial que vai debater a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.

O deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA) será o presidente do colegiado e o deputado Arthur Lira (PP-AL), o relator.

Lira apresentará o calendário de trabalhos. A previsão é que a discussão dure aproximadamente dois meses para que o texto possa cumprir todos os prazos regimentais.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse, em entrevista na última segunda-feira, 5, que a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais será aprovada pelo Congresso, mas avalia que é necessário pensar em alternativas para compensar a perda de arrecadação.

Para compensar a perda de receitas que o aumento da isenção trará, o governo propõe um imposto mínimo de até 10% para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês, o equivalente a R$ 600 mil por ano. Segundo Hugo Motta, uma das ideias a serem discutidas é cobrar também de bancos e empresas.

O PP, partido de Lira, apresentou uma proposta alternativa de compensação. A medida prevê a ampliação da faixa de renda que será sujeita à tributação adicional. O valor passaria dos R$ 50 mil mensais previstos no texto do governo para R$ 150 mil mensais. Segundo partido, a ideia é preservar pequenos empresários e profissionais liberais.

Tudo sobre a isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil

Quando a isenção IR para quem ganha até R$ 5 mil vai começar a valer?

A proposta do governo é que a isenção seja válida a partir de 2026. Para isso acontecer, o projeto de lei de isenção e de compensação para a renúncia fiscal precisa ser aprovado pelo Congresso e sancionado pelo presidente Lula.

Além de isentar quem ganha até R$ 5 mil, trabalhadores que recebem entre R$ 5.000,01 e R$ 6.980 terão isenção parcial a partir de 2026, de acordo com anúncio feito pelo governo em dezembro.

O que muda com a nova isenção do IR?

A partir de 2026, quem ganhar até R$ 5.000,00 por mês não precisará mais pagar Imposto de Renda. Hoje, a faixa de isenção é até R$ 2.259,20. Além disso, para quem ganha entre R$ 5.000,00 e R$ 7.000,00, haverá um desconto parcial, reduzindo o valor pago atualmente. A mudança significa mais dinheiro no bolso do trabalhador: com menos imposto descontado, a renda líquida aumenta.

Confira os descontos para essa faixa de renda:

Renda MensalDesconto (%)Imposto sem desconto (R$)Imposto final a pagar (R$)
R$ 5.000,00100%R$ 312,89R$ 0
R$ 5.500,0075%R$ 436,79R$ 203,13
R$ 6.000,0050%R$ 574,29R$ 417,85
R$ 6.500,0025%R$ 711,79R$ 633,57
R$ 7.000,000R$ 849, 29R$ 849,29

Quantas pessoas vão ter isenção do imposto de renda?

Segundo o governo, serão 10 milhões de brasileiros beneficiados pela nova isenção do Imposto de Renda. Somando aos 10 milhões já beneficiados pelas mudanças de 2023 e 2024, são 20 milhões de pessoas que deixam de pagar Imposto de Renda desde 2023. 90% dos brasileiros que pagam IR (o correspondente a mais de 90 milhões de pessoas) estarão na faixa da isenção total ou parcial. 65% dos declarantes do IR pessoa física (cerca de 26 milhões de pessoas) serão totalmente isentos.

Quantas pessoas passarão a pagar Imposto de Renda mínimo com essa medida?

O governo afirma que apenas 141,4 mil contribuintes (0,13% do total) passarão a contribuir pelo patamar mínimo. Isso representa 0,06% da população total do Brasil. Esse grupo é composto por pessoas que recebem mais de R$ 600 mil por ano e que não contribuem atualmente com alíquota efetiva de até 10% para o Imposto de Renda. Esses contribuintes pagam atualmente uma alíquota efetiva média de apenas 2,54%.

Quanto vai custar a isenção de IR para quem recebe até R$ 5 mil

Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a medida custará R$ 27 bilhões aos cofres públicos. A projeção inicial do governo era de um custo de R$ 35 bilhões.

Sim. A ampliação da faixa de isenção resultará em uma redução da arrecadação de receita pela União da ordem de R$ 25,84 bilhões em 2026. A tributação mínima das altas rendas possibilitará uma ampliação de receita de R$ 25,22 bilhões, além de R$ 8,9 bilhões em virtude da tributação de 10% na remessa de dividendos para o exterior (apenas para domiciliados no exterior).

Governo vai criar imposto para super-ricos para compensar isenção do IR?

Para compensar a renúncia fiscal, o governo criará um imposto mínimo de 10% que incidirá sobre a renda de quem recebe mais de R$ 50 mil por mês (R$ 600 mil por ano). Nessa conta estarão incluídos os rendimentos recebidos como lucros e dividendos, atualmente, isentos.

Como funciona a isenção do Imposto de Renda hoje?

Em junho deste ano, o Congresso aprovou um projeto de lei para isentar de Imposto de Renda quem ganha até dois salários mínimos. Hoje, até R$ 2.259,20 do salário de todos não é tributado. Desse valor até R$ 2.826,65, cobra-se 7,5%. 

O governo criou um modelo com desconto simplificado automático para que pessoas que recebam até dois salários mínimos (o equivalente a R$ 2.824 este ano) não precisem pagar imposto, mas sem isentar a parcela do salário de quem ganha acima desse valor.

A medida já estava valendo desde março, após o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) editar uma medida provisória sobre o tema.

O teto de isenção ficou congelado em R$ 1.903,98 de 2015 a 2022. Em 2023, subiu para R$ 2.640,00 mensais e, no ano passado, foi para R$ 2.824,00.

Tabela progressiva e alíquota

    SalárioAlíquota do IRPFParcela dedutível
Até R$ 2.259,20IsentoR$ 0
De R$ 2.259,20 até R$2.826,657,5%R$ 169,44
De R$ 2.826,66 até R$3.751,0515%R$ 381,44
De R$ 3.751,06 até R$ 4.664,6822,5%R$ 662,77
Acima de R$ 4.664,6827,5%R$ 869,00
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