IR: proposta pode beneficiar 36 milhões de brasileiros (RafaPress/Getty Images)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 18 de março de 2025 às 06h02.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enviará ao Congresso Nacional nesta terça-feira, 18, o projeto de lei (PL) que prevê a isenção de Imposto de Renda (IR) para pessoas que recebem até R$ 5 mil por mês a partir de 2026.
O projeto é uma das bandeiras de campanha de Lula e esperança do governo para melhorar a popularidade, que vem em queda desde outubro, com a alta dos alimentos e dificuldades na comunicação.
A isenção será compensada com fixação de uma alíquota efetiva mínima de 10% para os mais ricos. Esse tributo incidirá sobre quem tem rendimentos superiores a R$ 50 mil por mês ou mais de R$ 600 mil por ano.
A proposta do governo é que a isenção seja válida a partir de 2026. Para isso acontecer, o projeto de lei de isenção e de compensação para a renúncia fiscal precisa ser aprovado pelo Congresso e sancionado pelo presidente Lula.
Além de isentar quem ganha até R$ 5 mil, trabalhadores que recebem entre R$ 5.000,01 e R$ 6.980 terão isenção parcial a partir de 2026, de acordo com anúncio feito pelo governo em dezembro.
A proposta de isenção pode beneficiar cerca de 36 milhões de brasileiros, o que representa aproximadamente 78% dos 46 milhões de contribuintes que declaram IR anualmente, segundo dados da Associação Nacional de Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco).
Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a medida custará R$ 27 bilhões aos cofres públicos. A projeção inicial do governo era de um custo de R$ 35 bilhões.
Para compensar a renúncia fiscal, o governo criará um imposto mínimo de 10% que incidirá sobre a renda de quem recebe mais de R$ 50 mil por mês (R$ 600 mil por ano). Nessa conta estarão incluídos os rendimentos recebidos como lucros e dividendos, atualmente, isentos.
Em junho deste ano, o Congresso aprovou um projeto de lei para isentar de Imposto de Renda quem ganha até dois salários mínimos. Hoje, até R$ 2.259,20 do salário de todos não é tributado. Desse valor até R$ 2.826,65, cobra-se 7,5%.
O governo criou um modelo com desconto simplificado automático para que pessoas que recebam até dois salários mínimos (o equivalente a R$ 2.824 este ano) não precisem pagar imposto, mas sem isentar a parcela do salário de quem ganha acima desse valor.
A medida já estava valendo desde março, após o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) editar uma medida provisória sobre o tema.
O teto de isenção ficou congelado em R$ 1.903,98 de 2015 a 2022. Em 2023, subiu para R$ 2.640,00 mensais e, no ano passado, foi para R$ 2.824,00.
Salário | Alíquota do IRPF | Parcela dedutível |
Até R$ 2.259,20 | Isento | R$ 0 |
De R$ 2.259,20 até R$2.826,65 | 7,5% | R$ 169,44 |
De R$ 2.826,66 até R$3.751,05 | 15% | R$ 381,44 |
De R$ 3.751,06 até R$ 4.664,68 | 22,5% | R$ 662,77 |
Acima de R$ 4.664,68 | 27,5% | R$ 869,00 |