Márcio Pochmann defende que o país tome medidas para conter a valorização do real (Beatriz Albuquerque /Cláudia)
Da Redação
Publicado em 11 de janeiro de 2011 às 12h31.
Brasília - O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, defendeu a adoção de medidas mais vigorosas por parte do governo brasileiro para conter o excesso de capitais que ingressam no País, motivados, em maior parte, por juros elevados e baixo risco. "A elevação do IOF (para renda fixa e variável) teve eficiência relativa. É preciso medidas de maior envergadura", comentou.
Segundo ele, se as ações adotadas recentemente pelo governo não conseguirem conter a tendência de valorização do real ante o dólar, o caminho natural seria o controle de capitais. "Essa é uma medida que precisa ser considerada em um leque mais amplo de ações. Até porque se não tivermos resultados mais imediatos das medidas tomadas, possivelmente, será esse o caminho, a exemplo de outros países", afirmou. O economista participou hoje, em São Paulo, de seminário sobre telecomunicações organizado pelo Ipea.
Embora tenha ressaltado que o governo Lula tenha adotado ações para coibir a apreciação do câmbio com gradualismo em demasia, Pochmann destacou que a administração de Dilma Rousseff está adotando uma estratégia mais adequada ao harmonizar as iniciativas do Ministério da Fazenda e do Banco Central (BC) para conter a alta da moeda brasileira ante a norte-americana.
Ele elogiou tanto a ação do BC, na semana passada, que decidiu adotar um depósito compulsório de 60% para posições vendidas de dólar acima de US$ 3 bilhões, quanto também a notícia publicada no Diário Oficial de que o Fundo Soberano do Brasil poderá atuar em derivativos através da autoridade monetária. Para Pochmann, a atuação do governo no mercado futuro de dólar é positiva, pois tem como objetivo reduzir a especulação de instituições que apostam na exagerada valorização do real ante o dólar.
"Contudo, ainda não atacamos alguns problemas, como o ingresso maciço de recursos (externos) desnecessários. Temos um déficit de transações correntes, precisamos de capitais estrangeiros, mas não na dimensão que vêm chegando", ressalta. Ele chegou a dizer que o controle de capital é defendido por instituições multilaterais, como o FMI.