Brasil

IPCC alerta para risco de inundações

Segundo o Painel, o aumento de temperatura deverá causar problema de disponibilidade hídrica, impacto sobre a segurança alimentar e extinção de espécies


	Pessoas atravessam enchente em Jacarta, na Indonésia: a mensagem agora é mais enfática sobre o que o aumento da concentração de gases do efeito estufa
 (REUTERS/Beawiharta)

Pessoas atravessam enchente em Jacarta, na Indonésia: a mensagem agora é mais enfática sobre o que o aumento da concentração de gases do efeito estufa (REUTERS/Beawiharta)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de março de 2014 às 19h15.

Yokohama - Um mundo mais quente, com nível do mar mais alto, derretimento de geleiras e maior variabilidade climática será um mundo com milhões de pessoas sob risco de inundações, com problema de disponibilidade hídrica, impacto sobre a segurança alimentar e extinção de espécies.

Essa deve ser a mensagem que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) vai trazer ao divulgar a segunda parte do seu quinto relatório de avaliação daqui a uma semana, no Japão. É o que se pode concluir de uma versão preliminar do Sumário para Formuladores de Políticas que vazou na internet, há alguns meses.

Na noite dessa segunda-feira, 24, (horário de Brasília), cientistas e representantes de governos começam a se reunir em Yokohama para definir o conteúdo final desta parte do relatório - um resumo acompanhado de tom político das principais conclusões do relatório do grupo de trabalho 2 do IPCC, que trata de impactos, adaptação e vulnerabilidade dos países a mudanças climáticas.

O texto é lançado cerca de seis meses após a divulgação da primeira parte do relatório. A mensagem agora é mais enfática sobre o que o aumento da concentração de gases do efeito estufa e as mudanças climáticas trazem de impacto para a vida das pessoas e dos ecossistemas.

O conteúdo é um pouco parecido com o que já tinha sido dito no quarto relatório do IPCC, divulgado em 2007. Mas há maior confiança dos cientistas nos alertas que estão sendo feitos e mais robustez na mensagem. "Os impactos das mudanças climáticas já estão sendo observados em todo o mundo", escrevem os autores no rascunho.

"E os impactos dos eventos climáticos extremos observados na última década, como ondas de calor, secas, inundações, ciclones e incêndios, revelam a enorme vulnerabilidade dos seres humanos e dos ecossistemas à variabilidade climática atual."


Para o futuro, dizem, "as mudanças climáticas vão amplificar os riscos relacionados ao clima já existentes e criar novos". Vão reduzir, por exemplo, a oferta de água renovável na superfície e nas fontes subterrâneas nas regiões subtropicais mais secas, intensificando a competição por água.

A confiança dos cientistas nesse quesito, medida pela quantidade de pesquisas científicas em periódicos indexados, aumentou em relação a 2007. O dano pode ser maior ou menor, dependendo do grau de adaptação de cada local. Mas, lembram os cientistas, há limite para a adaptação.

Biocombustíveis

O Brasil quer evitar menções negativas à produção de biocombustíveis. No texto do rascunho, os cientistas comentam, com alto grau de confiança, que "o aumento do cultivo de culturas de bioenergia pode representar riscos para os ecossistemas e a biodiversidade, embora as contribuições da energia de biomassa para a mitigação possam reduzir riscos ligados ao clima".

O alerta é feito em um tópico que discute ferramentas que podem tanto funcionar para a mitigação dos gases de efeito estufa quanto para a adaptação.

Para o governo brasileiro, o tom negativo talvez seja o ponto mais delicado do relatório, que em geral foi visto como um texto bom, que visa reduzir conflitos. "O País tem potencial econômico para os biocombustíveis e aqui não há competição com alimentos", disse Mariana Egler, analista ambiental do Ministério do Meio Ambiente.

Acompanhe tudo sobre:ClimaDesastres naturaisEnchentesIPCC

Mais de Brasil

Câmara vai instalar comissão especial que deve discutir voto distrital misto

Desabamento de teto de igreja histórica de Salvador deixou ao menos um morto e seis feridos

Ministra da Gestão diz que Lula 'está muito preocupado' com estatais após empresas registrarem rombo

'Não há pesquisa que dê certo com dois anos de antecedência', diz Lula sobre cenário de 2026