Brasil

Investigado diz que foi coagido a delatar deputado no Maranhão

Ministério Público Federal negou a versão do investigado, um policial militar preso em operação por suspeita de participar de contrabando

Deputado estadual do Maranhão Raimundo Cutrim (PCdoB) (Assembleia Legislativa do Maranhão/Divulgação)

Deputado estadual do Maranhão Raimundo Cutrim (PCdoB) (Assembleia Legislativa do Maranhão/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de abril de 2018 às 17h19.

O policial militar Fernando Paiva Moraes Júnior afirmou, em depoimento à Justiça Federal do Maranhão, que foi coagido a fazer delação premiada e envolver em irregularidades o deputado estadual Raimundo Cutrim (PCdoB).

Ele está preso preventivamente desde fevereiro, alvo de operação que mira contrabando de armas, cigarros e bebidas à capital São Luiz.

De acordo com Paiva, o secretário de Segurança Pública do governo Flávio Dino, Jefferson Portela (PCdoB), teria tentado induzi-lo a mentir em colaboração com as autoridades em reunião no Ministério Público Federal, sem a presença de seus advogados. Ele moveu uma queixa crime contra o chefe da pasta.

O depoimento do soldado representa mais uma etapa de crise que se instaurou no alto escalão da Segurança Pública do Maranhão nesta semana.

Na sexta-feira, 20, conforme publicou o jornal O Estado de S. Paulo, foram revelados documentos internos da polícia que revelam a existência de determinações para que todos os batalhões da PM espionassem opositores políticos no âmbito das eleições de 2018.

No início do depoimento, Paiva dispensa auxílio da defensoria pública e constitui advogados. Logo em seguida, questionado sobre os termos de sua colaboração pelo juiz, relatou.

"Meritíssimo, eu fui coagido a fazer esta delação premiada, fui coagido pelo secretário de segurança Jefferson Portela (PCdoB), e por um coronel que me conduziu".

O soldado diz que foi tirado de sua cela à noite. "Primeiro, eu perguntei o motivo de estar sendo tirado da cela. Disseram que captaram a ligação de alguém e que eu corria risco de vida".

"Tiraram uma rede e disseram que poderiam tentar me enforcar com a rede e fui colocado numa cela separada no comando geral, onde fazia as necessidades em um balde. Fui tratado como um lixo", afirma.

Em seguida, ele diz ter sido levado para o Ministério Público Federal, sem contato com seus advogados, e, lá, teria se encontrado com o secretário de Segurança Pública do Maranhão.

"Quando eu cheguei lá, o secretário de segurança pública Jefferson Portela começou a dizer que eu devia colaborar com ele porque eu era o mais novo que tinha sido preso, que estaria correndo grande risco de perder minha farda e todos os meliantes que eu já prendi poderiam tomar ciência disso e depois atentar contra minha vida".

Jefferson ainda diz que o chefe da pasta tentou induzi-lo a "falar nomes de pessoas". "Queria formar um circo, um teatro, para que pudesse inserir as pessoas que estivessem sendo investigadas e algumas que não estivessem para que fossem envolvidas na situação do contrabando".

"Ele queria o tempo todo que eu dissesse que o delegado Tiago Bardal estivesse dentro do sítio. Ele queria o tempo todo que eu dissesse que o delegado Raimundo Cutrim, que é o atual deputado, tivesse dentro do sítio também. Ele queria que eu falasse. Por ele, eu poderia contar a história mais mirabolante que fosse, mas envolvendo eles, entendeu? O delegado Ney Anderson, que eu não conheço. Eu não conheço o deputado Raimundo Cutrim. Também não conheço o delegado Bardal", relatou.

Defesas

O Ministério Público Federal afirma que a versão do soldado é inverídica. Por meio de sua conta de Facebook, o secretário de Segurança Pública do Maranhão reagiu. "O Soldado Paiva, preso por integrar a Orcrim, agora se diz coagido a delatar seus comparsas. Será processado por mais um crime".

"A organização criminosa identificada e com alguns dos seus membros presos, trama contra o Ministério Público Federal e a SSP/MA", afirmou.

Acompanhe tudo sobre:MaranhãoMinistério PúblicoPCdoB

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas