Jair Bolsonaro: deputado e pré-candidato do PSL à Presidência esteve em uma palestra no Rio, na qual falou por cerca de uma hora (Adriano Machado/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de maio de 2018 às 11h20.
Rio - Em palestra na Associação Comercial do Rio nesta segunda-feira, 21, o deputado Jair Bolsonaro, pré-candidato do PSL à Presidência, foi aplaudido por cerca de 300 empresários quando incentivou atos violentos contra integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
Bolsonaro disse que esses movimentos são compostos por "marginais que devem ser tratados como terroristas". "A propriedade privada é sagrada. Temos que tipificar como terroristas as ações desses marginais. Invadiu? É chumbo!". Ele defendeu ainda o uso de "lança-chamas" em ações contra esses grupos. A plateia, formada por empresários que pagaram de R$ 180 a R$ 220 para participar do almoço, deu risada.
Ao tratar de segurança, Bolsonaro propôs o endurecimento da intervenção federal no Rio. "A questão da violência se combate em alguns casos com mais violência ainda", afirmou. "Temos que acabar com a figura do 'excesso' (policial)."
Bolsonaro, no entanto, não se alongou ao abordar temas que a associação julga ser prioritários, como a retomada do crescimento econômico e o fomento do setor produtivo. Depois, em entrevista a jornalistas, resumiu: "Não tenho na ponta da língua a solução para o Brasil".
No evento, no qual falou por cerca de uma hora, Bolsonaro apontou por diversas vezes o economista Paulo Guedes, seu consultor, dizendo que ele poderia comentar assuntos da esfera econômica de forma mais abalizada. Empresários chegaram a sugerir que Guedes fosse ouvido em outra ocasião.
Líder de pesquisas de intenção de voto em cenários sem o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato, Bolsonaro tem se apresentado como opção conservadora nos costumes e liberal na economia.
O pré-candidato, entretanto, questionou a possibilidade de privatização da Eletrobrás, afirmando que "o Brasil não pode ser um País que está em leilão". "Por que a Eletrobrás chegou onde chegou? Por que temos problemas em bancos? Porque foram indicações políticas. A princípio, eu reagiria (à privatização da estatal). Teria que ver o modelo", disse, afirmando que as privatizações "têm que ter critério". "Não podemos botar tudo para o mercado. Tem que desburocratizar, facilitar a vida de quem quer investir."
O candidato criticou ainda o aumento do preço dos combustíveis - "não pode a Petrobras querer tirar o prejuízo da roubalheira no preço" - e o governo Temer. "O que está sendo feito hoje é governabilidade ou 'assaltabilidade'?". Ao mencionar a reforma trabalhista, declarou que "aos poucos, a população vai entendendo que é melhor menos direitos e emprego do que todos os direitos e desemprego". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.