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Interior dita disputa ao governo gaúcho

Quatro ex-prefeitos devem disputar o governo do Rio Grande do Sul este ano, mas nenhum deles já administrou a capital do Estado, Porto Alegre, antes

Eleições:  confira os direitos dos mesários (Ueslei Marcelino/Reuters)

Eleições: confira os direitos dos mesários (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de junho de 2018 às 11h06.

Porto Alegre - Quatro ex-prefeitos devem disputar o governo do Rio Grande do Sul este ano, mas nenhum deles já administrou a capital do Estado, Porto Alegre. A última vez que isso ocorreu foi em 1986. Este ano, os partidos apostam em pré-candidatos com projeção no interior gaúcho ou em cidades da região metropolitana da capital - que reúnem 87% da população, algo em torno de 7,2 milhões de habitantes - como fórmula para conquistar o Palácio Piratini.

Eduardo Leite (PSDB), Jairo Jorge (PDT), Luis Carlos Heinze (PP) e o governador José Ivo Sartori (MDB) - que, até o momento, não confirma nem descarta sua candidatura à reeleição - administraram cidades em quatro regiões diferentes do Estado.

Em 2014, Sartori chegou ao governo se apresentando como o "gringo da colônia", ou seja, o homem do interior e descendente de imigrantes agricultores. Sua reduto eleitoral é a cidade de Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, região marcada pela forte colonização de italianos e alemães e pela agricultura. Ele administrou a cidade, a segunda maior do Estado, com 322.901 eleitores, entre 2005 e 2013. Antes, foi vereador nas décadas de 1970 e 1980.

Jairo Jorge foi prefeito de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, entre 2009 e 2016, além de ter sido vereador do município entre 1989 e 1992. Com 252.200 eleitores, Canoas é o terceiro maior colégio eleitoral do Rio Grande do Sul.

Eduardo Leite tem como base o município de Pelotas, quarto maior colégio eleitoral gaúcho, com 238.487 eleitores, na região sul do Estado. Foi prefeito entre 2013 e 2016 e vereador no período de 2009 a 2013.

A cidade de São Borja, na região de Missões e fronteira com a Argentina, já teve Luis Carlos Heinze como prefeito de 1993 a 1996. Chamada de "Terra dos Presidentes", ela é a cidade natal de Getulio Vargas, João Goulart e do ex-governador gaúcho Tarso Genro.

O município é considerado um dos mais influentes politicamente no Estado, mesmo com aproximadamente 48 mil eleitores.

Deputado federal por cinco mandatos, Heinze e seu partido possuem base eleitoral e maior votação no interior. O PP é a sigla com o maior número de prefeituras no Estado (142).

Outros

Com 1,1 milhão de eleitores, Porto Alegre é o maior colégio eleitoral do Estado. À exceção do governador Sartori, Roberto Robaina (PSOL), é o único pré-candidato que possui cargo eletivo na cidade, como vereador. Miguel Rossetto (PT) foi vice-governador na gestão Olívio Dutra, entre 1999 e 2002. Depois disso, foi por 13 anos ministro dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Já Mateus Bandeira (Novo) foi secretário de Estado na administração da tucana Yeda Crusius (2007-2010) e não ocupou cargo eletivo. Abigail Pereira (PCdoB) é de Caxias do Sul e já concorreu ao Senado e para vice ao governo do Estado, sem sucesso. Luiz Fernando Portella, do PMD, nasceu em Porto Alegre e está em sua primeira disputa eleitoral.

Os dados referentes ao número de eleitores foram fornecidos pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS).

Polos regionais

Para o cientista político e professor da PUC-RS Augusto Neftali de Oliveira, a configuração das pré-candidaturas deste ano se deu porque o Rio Grande do Sul possui importantes polos regionais e algumas cidades são consideradas espécie de "capitais" de suas regiões. "Isso permite também que a política se organize em torno desses polos e que os partidos, quando chega o momento de lançarem candidaturas de nível estadual, olhem para as alternativas que já foram testadas nessas cidades", explicou.

O professor destaca também o fato de que há pré-candidatos de quatro diferentes regiões: Sul, Missões, Serra e região metropolitana de Porto Alegre. "Pode ser que os partidos tenham optado por essa estratégia de pegar pessoas experientes nos municípios. Políticos que possam conquistar apoio regional importante, para alavancar suas candidaturas nas regiões antes de conquistar o Estado como um todo", disse.

O professor afirma que o próprio governador pode ser tomado como exemplo. "Depois de duas eleições de políticos caxienses (além de Sartori, que não é nascido em Caxias mas fez carreira política na cidade, Germano Rigotto, do MDB, foi eleito governador em 2002), que eram claramente políticos regionais, outras cidades estão tentando fazer o que Caxias fez. PSDB e PDT querem repetir o sucesso de lançar políticos regionais para grandes candidaturas".As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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