O custo com os faltosos este ano foi de R$ 61,2 milhões - quando calculado um valor de R$ 45 por aluno inscrito (Roosewelt Pinheiro/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 24 de maio de 2012 às 21h08.
Brasília - As inscrições da próxima edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) vão começar na próxima segunda-feira, às 10 horas, e vão até as 23h59 do dia 15 de junho, informou nesta quinta-feira o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Alvo de contestação de estudantes e de brigas judiciais, a correção das redações passará por mudanças: conforme o jornal O Estado de S. Paulo antecipou, o MEC aumentou o rigor ao reduzir a nota de discrepância na nota total de 300 para 200 pontos.
Um acordo firmado com o Ministério Público Federal (MPF) permitirá que os estudantes tenham acesso às redações corrigidas apenas para fins pedagógicos a partir deste ano - o MEC ainda estuda como o sistema vai ser disponibilizado. Assim como no ano passado, todas as redações do Enem vão passar necessariamente pela avaliação de dois corretores. Agora, se a discrepância for superior a 200 pontos na nota total, um terceiro corretor dará a sua nota - nos casos em que nem ele resolver o impasse, a redação será submetida a uma banca examinadora composta por três pessoas, que vai dar a nota final.
Além de reduzir a nota de discrepância na nota total, o MEC instituiu uma nota de discrepância dentro de cada uma das cinco competências da redação - superior a 80 pontos. Ou seja: mesmo que um estudante, por exemplo, tire 640 pontos de um primeiro corretor e 480 pontos de um segundo (diferença inferior a 200 pontos, a discrepância da nota total), se em uma das competências receber 160 pontos do primeiro e 40 pontos do segundo (diferença superior a 80 pontos, a discrepância das competências), a redação será submetida a uma terceira análise.
Entre as competências da redação estão a demonstração de "domínio da norma padrão da língua escrita" e de "conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação". Como consequência das alterações, haverá um aumento no número de redações submetidas à terceira correção - segundo o MEC, o número de corretores vai saltar de 3 mil para 4,2 mil, para atender à demanda do Enem 2012. "Vamos reduzir a margem de dispersão. Redação sempre tem subjetividade e precisamos ter segurança. É uma grade de análise que dá um salto de qualidade em relação ao que tínhamos. Há um aumento de custo, mas pode ter certeza que é muito menor do que o custo de um equívoco na correção. Todo esse procedimento de correção é mais exigente, toda a preparação será mais rigorosa", disse Mercadante, durante encontro com jornalistas em Brasília. O ministro, no entanto, foi taxativo na mensagem aos que se submeterem à prova: "Não muda nada para quem vai fazer a redação".
Para informar o estudante sobre as habilidades avaliadas, o MEC deve divulgar em julho um guia com exemplos de bons textos e um detalhamento do que se espera dentro de cada competência. Foi mantida a parceria com a empresa de gestão de riscos Módulo - o número de itens do check-list que mapeiam todas as etapas do exame saltou de 1.276 para 3.439. O Inmetro também voltará a atuar para acompanhar o trabalho na gráfica.
Outra mudança anunciada para o próximo Enem é o aumento da nota de corte para os estudantes que se submeterem à prova para obter certificação de ensino médio - serão necessários 450 pontos em cada área do conhecimento, ante 400 da edição passada. A nota mínima na redação continua sendo de 500 pontos.
O prazo final para pagamento da inscrição será 20 de junho - a taxa de inscrição é de R$ 35. A divulgação dos gabaritos deverá ocorrer no dia 7 de novembro e a dos resultados individuais, em 28 de dezembro. Ao todo, o Enem mobilizará cerca de 400 mil pessoas neste ano, que estarão envolvidas direta ou indiretamente na aplicação da prova em 140 mil salas de aula. Mercadante estima que o número de inscritos na prova deste ano fique entre 5,8 milhões e 6,1 milhões de pessoas - em 2011, foram 5,4 milhões.
O edital do próximo Enem deve ser publicado sexta-feira no Diário Oficial da União. A prova será novamente aplicada pelo consórcio Cespe/Cesgranrio, escolhido sem licitação - o contrato de R$ 372 milhões, firmado no ano passado, previa a realização de "duas ou mais edições".