Enel em SP: Tarcísio diz que não renovaria contrato de concessão (Pablo Jacob/Governo do Estado de SP)
Redação Exame
Publicado em 18 de agosto de 2025 às 13h34.
Última atualização em 18 de agosto de 2025 às 13h49.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, questionou a atuação da Enel nesta segunda-feira, 18, e disse que a empresa não fez os investimentos necessários na rede elétrica do estado. A empresa é responsável pela distribuição de energia na capital e em 23 cidades da Grande São Paulo. O contrato da empresa vence em 2028.
"A empresa não faz os investimentos necessários porque aquilo não vai ser reconhecido na tarifa. E, como não é reconhecido na tarifa, a empresa não faz o investimento. É uma empresa geradora de caixa, é uma empresa geradora de receita, mas que não faz os investimentos necessários", disse ele durante evento da revista Veja.
O governador também destacou que a empresa tem falhado em áreas essenciais, como automação e velocidade de recomposição de redes, o que resulta em longos períodos de interrupção de energia durante condições climáticas extremas. Ele deu o exemplo das quedas de energia durante os fortes vendavais de novembro de 2023 e outubro de 2024, quando bairros em São Paulo ficaram até uma semana sem eletricidade.
Se tivesse o poder de concedente, Freitas admitiu que não renovaria o contrato e sugeriu que o serviço de distribuição de energia em São Paulo fosse dividido em duas concessões, para melhorar a qualidade e a eficiência da distribuição.
"Se eu fosse titular do serviço, se eu fosse poder concedente, se eu tivesse o governo federal, eu não prorrogaria o contrato. Eu acho que São Paulo não pode aceitar que esse contrato seja prorrogado", declarou.
A Enel atende aproximadamente 7,1 milhões de clientes, o que equivale a cerca de 18 milhões de pessoas.
O contrato da Enel com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) está previsto para expirar em 2028, mas a empresa já solicitou a renovação por mais 30 anos. O pedido está em análise pela Aneel e pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
Além da Enel, 19 outras companhias estão em processo de renovação de contratos. Todas com compromissos atuais com encerramento previsto entre 2025 e 2031.
Além das críticas à Enel, Tarcísio de Freitas falou sobre o avanço das privatizações em São Paulo. Ele destacou a privatização da Sabesp, finalizada em julho de 2024, como um exemplo positivo, com a empresa já investindo mais de R$ 7 bilhões e realizando 410 mil novas ligações de água e 529 mil de esgoto.
O governador também anunciou que o estado encerrou o primeiro semestre de 2024 com R$ 354 bilhões em investimentos contratados em concessões de infraestrutura, superando as expectativas iniciais de R$ 220 bilhões a R$ 250 bilhões.
No evento, também participaram o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, e outros governadores e CEOs, discutindo o futuro das concessões no Brasil. O ministro destacou que, em 2024, o governo federal começará a concessão de hidrovias no país, especialmente nos rios Paraguai, Tocantins, Madeira e São Francisco, com o objetivo de reduzir os custos logísticos de transporte em até 40% em comparação com o transporte rodoviário.
Costa Filho afirmou que, apesar das expectativas do setor produtivo, o governo federal não tem preconceito contra parcerias com o setor privado, e as concessões continuam a avançar no país, abrangendo áreas como estradas, portos e aeroportos.