Enquanto o acordo com o governo federal para renovação antecipada não sai, a concessionária segue com o plano de investimentos atual (Germano Lüders/Exame)
Repórter
Publicado em 20 de janeiro de 2025 às 18h24.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um financiamento de R$ 500 milhões para obras de modernização da concessionária da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), controlada pela empresa de logística VLI Multimodal.
De acordo com a instituição financeira, em nota divulgada nesta segunda-feira, 20, a emissão totalizou R$ 1 bilhão em debêntures – emissão de títulos de dívida incentivados – e o BNDES subscreveu 50% do valor, em tranche de mais longo prazo.
A operação financeira, coordenada pelo BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), o BNDES e o banco ABC Brasil, foi concluída em dezembro.
No total, o projeto de investimento é estimado em R$ 3,9 bilhões da FCA, que vai até o término da concessão, em agosto de 2026. A VLI negocia com a União uma renovação antecipada do contrato para permanecer operando no trecho Corinto-Aratu da ferrovia em um novo formato.
A concessão foi efetivada em 1996. Mas, em 2015, a VLI protocolou manifestação de interesse na prorrogação antecipada do contrato junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Em outubro do ano passado, a ANTT iniciou as audiências públicas sobre a renovação antecipada da FCA.
A malha ferroviária da FCA tem 7,2 mil quilômetros de extensão e cruza os estados da Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe, além do Distrito Federal.
A ferrovia está distribuída pelos corredores Centro-Leste, Centro-Sudeste, Minas-Bahia e Minas-Rio e é usada principalmente por setores como mineração, agronegócio e indústria utilizam a FCA para escoar suas produções.
Caso não haja acordo entre governo federal e empresa até março, a prorrogação contratual tende a ficar no papel, e a ferrovia deverá seguir para nova licitação, de acordo com reportagem do jornal Valor Econômico.
Sem uma decisão final, a concessionária segue com o plano de investimentos atual, que, segundo a concessionária, tinha 14,7% de execução em setembro. Os recursos liberados pelo BNDES serão destinados para ampliação e modernização de sete pátios dentro da malha da FCA.
A VLI também trocará trilhos e dormentes da via para aumentar a velocidade média e a segurança, recuperar e instalar novos guarda-corpos em pontes e passagens de pedestres, realizar melhorias no material rodante, construir uma Estação de Tratamento de Efluentes Industriais no Terminal Integrador Guará e fazer pagamentos de outorga, detalhou o Banco de Fomento.
Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, destacou que o apoio à logística de cargas é fundamental para a economia do país.
"O gerenciamento do fluxo de bens e serviços envolve todas as atividades econômicas, influenciando a competitividade das empresas. O custo logístico no Brasil é estimado em cerca de 11% do PIB e, com o apoio do BNDES, e sob as diretrizes do governo do presidente Lula, vamos melhorar a logística integrada e multimodal, que desempenha um papel estratégico na cadeia de suprimentos ao combinar diferentes modos de transporte", disse em nota.
A VLI Multimodal tem como principal atividade a prestação de serviços de transporte integrado de cargas, operando por meio de plataformas logísticas integradas, combinando ativos e serviços em ferrovias, portos e terminais.
Em 2023, segundo dados da concessionária, foram transportados mais de 43,8 bilhões de toneladas por quilômetro útil (TKU) pelas ferrovias, o que movimentou mais de 43 milhões de toneladas úteis (TU) pelos portos.