Escorpião amarelo: inseticida comum não mata o animal e só aumenta a sua reprodução (Valéria Bretas/Exame)
Valéria Bretas
Publicado em 27 de janeiro de 2016 às 10h06.
São Paulo – Durante o verão, é comum ouvir casos de pessoas que se depararam com escorpiões amarelos no jardim, na janela ou na pia da lavanderia.
No entanto, o pequeno animal (que cabe até na palma da mão de uma criança) tem se reproduzido em uma proporção fora do que é considerado normal.
Segundo Randy Baldresca, biólogo e pesquisador, o número de bichinhos andando pelas ruas deve aumentar até 70% nos próximos dois anos.
“Se o acúmulo de lixo permanecer nas ruas, a população continuar mal informada em como lidar com o animal e o número de edificações for ampliado, a situação vai se agravar”, diz Baldresca.
E a população já começa a sentir esse efeito. Na cidade de São Paulo, por exemplo, moradores de um bairro nobre relataram que em apenas uma semana, cerca de cem escorpiões foram capturados.
No fim do ano passado, o Tityus serrulatus (seu nome científico), também foi responsável por desclassificar uma estudante de Campinas (SP) no vestibular da Fuvest, prova que dá acesso à Universidade de São Paulo (USP). Pouco antes de iniciar o exame, ela passou mal e teve que deixar o local.
Casos como estes figuram numa série de relatos notificados desde o início deste ano. Consultada por EXAME.com, uma empresa especializada no controle de pragas informou que só nas duas primeiras semanas de 2016, mais de 60 infestações de escorpiões foram controladas pelos biólogos da equipe da Grande São Paulo.
Só para se ter ideia da gravidade, a empresa registra cerca de 80 casos de infestação no período de um ano.
O Ministério da Saúde estimou a quantidade de acidentes por escorpiões em 2015. E o número assusta: aproximadamente 74,5 mil pessoas picadas em todo o Brasil – um aumento superior a 24% no período de quatro anos.
Vale ressaltar que a picada do escorpião amarelo pode matar. O governo do Estado de São Paulo informou que, no ano passado, cinco óbitos foram notificados.
Adaptabilidade e reprodução
“Esse animal é completamente adaptável ao ambiente urbano. Ele consegue se instalar em uma residência por até um ano sem precisar se alimentar”, diz Baldresca. “E os inseticidas usados para combater insetos não funcionam para controlar escorpiões”.
O biólogo explica que o escorpião amarelo se reproduz até duas vezes ao ano. Porém, quando esse animal sofre um stress (como quando jogamos veneno ou o cutucamos), ele entra em um processo de reprodução assexuada.
“Ou seja, quando provocado, ele se autoreproduz fora de época e libera de 20 a 30 filhotes no ambiente”, explica.
Prevenção
Se tratando da terceira espécie de escorpião mais perigosa do mundo, é preciso saber como se prevenir. As principais vítimas, e as que correm o maior risco, são as crianças de até 12 anos e os idosos.
Sendo assim, o biólogo recomenda que os jovens utilizem calçados nos jardins e que o ambiente de casa esteja sempre limpo e livre de sujeira.
“Evite deixar louça na pia da cozinha, retire o lixo do banheiro antes que ele acumule e tampe todos os ralos e pias”, diz. “Assim, você diminui a presença de baratas, que é a principal fonte de alimentação dos escorpiões e grande responsável por seu aparecimento nas residências”.
Como reagir
É importante lembrar que quanto mais próximo um local for de um cemitério, terreno baldio, trem ou riacho, maior é o risco de presença desse aracnídeo.
Como o veneno não ajuda e não mata o bicho, o recomendado é que ao se deparar com um, seja feita uma ação mecânica que mate o animal. Na prática, a pessoa deve usar uma faca ou algum objeto que esmague ou corte o escorpião ao meio.
Caso mais de um seja identificado no local, especialistas recomendam que empresas controladoras de pragas sejam contactadas imediatamente. No site da Associação dos Controladores de Pragas, você encontra mais informações sobre os biólogos e empresas especializadas no combate do escorpião amarelo.