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Ineficiência do Brasil dificulta comércio com a China, diz Amcham

Presidente da Amcham diz que Brasil só vai diversificar exportações para a China quando superar a precariedade de sua infraestrutura

DIlma e Hu Jintao, durante visita da presidente à China: diálogo entre os governos deveria ter maior participação da indústria brasileira (Presidência da República)

DIlma e Hu Jintao, durante visita da presidente à China: diálogo entre os governos deveria ter maior participação da indústria brasileira (Presidência da República)

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Da Redação

Publicado em 14 de abril de 2011 às 14h47.

São Paulo - Uma das maiores dificuldades na relação econômica entre Brasil e China diz respeito à indústria. Os brasileiros, grandes exportadores de produtos como minério de ferro, soja e petróleo, procuram espaço para vender bens industrializados, e reclamam da boa vontade dos chineses em abrir as portas. Mas segundo o presidente da Câmara Americana de Comércio (Amcham), Gabriel Rico, o sucesso do Brasil depende pouco das decisões da China. Para ele, o país esbarra em sua própria ineficiência e baixa competitividade.

"A questão está no Brasil, e não na China. Nosso câmbio está supervalorizado, os juros são altos, a carga tributária é elevada e a infraestrutura é ruim", diz Rico, que acompanha a missão comercial brasileira. Em entrevista por telefone a EXAME.com, o executivo ressaltou que esta combinação de fatores diminui a competitividade da indústria brasileira diante da produção chinesa. Além disso, a China leva vantagem por ter uma das mãos-de-obra mais baratas do mundo, o que reduz os custos de sua manufatura.

Na opinião do presidente da Amcham, uma das deficiências brasileiras está no diálogo com o governo chinês. "Quando as autoridades de lá falam, estão representando a economia do país como um todo. O mesmo não acontece no discurso do governo do Brasil, que não pode falar pelo parque industrial." O presidente da Amcham explicou que, no caso da China, a facilidade é maior em defender os interesses de uma parcela significativa da economia, já que boa parte das empresas são estatais.

Além de defender uma maior participação dos empresários nas relações entre os dois países, Rico diz que o Brasil deveria oferecer mais incentivos às indústrias que se preocupam em exportar. "Na China o governo oferece um bônus que chega a 10% do faturamento das empresas que exportam. Isso é revertido a elas em crédito direto."

Apesar das ressalvas, o empresário diz que as perspectivas são de mais investimentos entre os dois países nos próximos anos. Ele ressalta que há muitas oportunidades envolvendo principalmente a área energética, na qual o Brasil sai ganhando por causa de suas reservas do pré-sal. No sentido oposto está a China, pronta para exportar tecnologia e conhecimento técnico.

O trem de alta velocidade entre São Paulo e Rio de Janeiro é um exemplo. "O trem-bala foi mencionado pelos brasileiros. A China tem grande interesse em investir pesado neste projeto, e em outros de infraestrutura, principalmente naqueles ligados às Olimpíadas, já que os chineses têm grande experiência na área."

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