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Indústria cresce em 17 de 18 locais pesquisados em 2024; SC, RN e CE lideram altas, aponta IBGE

O Espírito Santo foi a única exceção no crescimento de 3,1% da indústria, com queda de 1,6% no ano passado, impactado pelo setor extrativo e de celulose

O resultado no estado catarinense, de acordo com o instituto, deve-se às atividades de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, máquinas e equipamentos, confecção de artigos do vestuário e acessórios e produtos alimentícios (Qilai Shen/Bloomberg)

O resultado no estado catarinense, de acordo com o instituto, deve-se às atividades de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, máquinas e equipamentos, confecção de artigos do vestuário e acessórios e produtos alimentícios (Qilai Shen/Bloomberg)

Publicado em 11 de fevereiro de 2025 às 16h40.

O crescimento na produção da indústria brasileira de 3,1% em 2024 foi espraiado e aconteceu em 17 dos 18 locais consultados pela Pesquisa Industrial Mensal Regional (PIM Regional), divulgada nesta terça-feira, 11, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

No último dia 5, o IBGE mostrou que a atividade industrial teve expansão ao longo do ano passado, depois de subir o,1% em 2023. O crescimento foi a terceiro maior em 15 anos. Atrás somente do resultado de 2010, de 10,2%, e 2021, de 3,9%. Agora, a pesquisa detalha que as maiores altas aconteceram em Santa Catarina (7,7%), Rio Grande do Norte (7,4%) e Ceará (6,9%).

O resultado no estado catarinense, de acordo com o instituto, deve-se às atividades de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, máquinas e equipamentos, confecção de artigos do vestuário e acessórios e produtos alimentícios.

Enquanto que no Rio Grande do Norte o destaque ficou por conta da indústria de coque – produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (óleo diesel) e, no Ceará, pela produção de artefatos do couro, artigos de viagem e calçados, confecção de artigos do vestuário e acessórios e produtos têxteis.

As indústrias do Pará (5,7%), Mato Grosso (5,4%), Pernambuco (4,6%), Paraná (4,2%), Amazonas (3,6%) e Mato Grosso do Sul (3,5%) também registraram expansão acima da média nacional, de 3,1%.

Para Bernardo Almeida, analista da pesquisa do IBGE, o avanço verificado na indústria nacional ao longo do ano passado aconteceu tendo uma baixa base de comparação em 2023, o que favorece o crescimento nesse tipo de avaliação, segundo ele.

"Regionalmente, houve um ganho de ritmo na indústria, com expansão em quase todos os locais pesquisados", afirmou.

Em São Paulo, responsável pelo maior parque industrial do país, o crescimento foi o mesmo da média nacional. A principal influência, de acordo com Almeida, foi o desempenho dos setores de veículos automotores (produção de autopeças, automóveis, caminhão-trator para reboques, semirreboques e caminhões) e de outros produtos químicos (produção de fungicidas para uso na agricultura, e de preparações capilares).

Já os estados da Bahia (2,7%), Goiás (2,6%), Região Nordeste (2,5%), Maranhão (2,5%), Minas Gerais (2,5%), Rio Grande do Sul (0,6%) e Rio de Janeiro (0,1%) também registraram crescimento na produção no índice acumulado em 2024, mas em taxas inferiores ao resultado geral.

A única exceção foi o Espírito Santo, onde a indústria recuou 1,6%. Isso ocorreu, segundo o pesquisador, devido ao desempenho das atividades de indústrias extrativas (óleos brutos de petróleo) e de celulose, papel e produtos de papel (celulose).

Expansão anual em contraste com o último trimestre

O desempenho anual também foi na contramão do resultado da produção industrial em dezembro de 2024, que caiu 0,3% e amargou o terceiro mês consecutivo de queda.

A pesquisa desta terça detalha que a queda aconteceu em sete dos 15 locais pesquisados, com destaque para o Pará (-8,8%) e o Ceará (-6,8%).

A indústria paraense eliminou parte do ganho de 14,7% acumulado nos meses de outubro e novembro de 2024. Já o Ceará registrou perda de 8,0% em dois meses consecutivos de queda na produção, embora tenha fechado o ano como o terceiro melhor resultado.

Os estados do Mato Grosso (-4,7%), Paraná (-4,1%) e Rio de Janeiro (-1,1%) também tiveram taxas negativas mais intensas do que a média nacional, de -0,3%. Houve queda também em São Paulo (-0,2%) e Minas Gerais (-0,1%), que completam a lista de locais com índices negativos em dezembro do ano passado.

A variação negativa em São Paulo foi provocada, em grande parte, pelos setores de alimentos, veículos automotores e produtos químicos. Com isso, a indústria paulista está 1,6% abaixo de seu patamar pré-pandemia e 23,6% abaixo de seu nível mais alto, alcançado em março de 2011, explica o IBGE.

Por outro lado, Amazonas (4,3%), Espírito Santo (4,0%) e Pernambuco (3,9%) foram responsáveis pelas expansões mais intensas no último mês do ano.

O primeiro local intensificou o avanço observado em novembro, de 3,2%. Já o estado capixaba interrompeu dois meses seguidos de queda na produção, período em que acumulou perda de 9,1%.

Pernambuco, por sua vez,  acumulou ganho de 5,9% em dois meses consecutivos de crescimento. Os estados da Bahia (2,8%), Goiás (0,8%), Rio Grande do Sul (0,7%) e Santa Catarina (0,5%) e a Região Nordeste (1,4%), mostraram os demais resultados positivos em dezembro.

De acordo com André Macedo, gerente da PIM, o contexto macroeconômico dos últimos três meses divergiu do cenário ao longo do ano, o que contribuiu para o resultado computado pelo instituto, de arrefecimento da produção industrial.

O especialista lembrou que houve aperto da política monetária, com aumento da taxa de juros e a questão cambial também trazendo impactos importantes para as empresas em termos de custos e de preços.

Nos primeiro sete meses do ano passado, o setor industrial mostrou resultados positivos nas pesquisas do IBGE, o que foi atribuído ao aquecimento do mercado de trabalho e a redução do desemprego, que faz aumentar o consumo das famílias.

Mas a alta dos preços e da inflação, especialmente no setor de alimentos, tem comprometido a renda delas e impactado nas expectativas dos empresários e, consequentemente, no resultado da indústria, observa o pesquisador.

"O importante dentro dessa leitura do resultado da produção industrial para o mês de dezembro é entender essa diferença entre o retrato do final do ano e a velocidade que essa produção industrial encerra o ano de 2024, que são comportamentos distintos, explicados por movimentos diferentes", afirmou.

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