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Indulto de Bolsonaro é "ornitorrinco jurídico", diz coordenador da PGR

Subprocuradora-geral também critica o decreto já que o perdão de pena se estende a agentes que tenham sido condenados por ato cometido fora de serviço

Bolsonaro: Presidente concedeu benefício a policiais condenados por crimes culposos (Adriano Machado/Reuters)

Bolsonaro: Presidente concedeu benefício a policiais condenados por crimes culposos (Adriano Machado/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 24 de dezembro de 2019 às 16h10.

Última atualização em 24 de dezembro de 2019 às 16h15.

Brasília — O decreto do presidente Jair Bolsonaro que perdoa a pena aplicada a policiais e a outros agentes de segurança pública condenados por crimes culposos – quando não há a intenção de ser praticado – é um "ornitorrinco jurídico", um "excesso de poder" por parte do presidente e, numa análise inicial, uma violação à Constituição Federal. É o que afirma ao GLOBO o subprocurador-geral da República Domingos Sávio da Silveira, coordenador da Câmara de Controle Externo da Atividade Policial da Procuradoria-Geral da República (PGR).

A subprocuradora-geral Luiza Frischeisen, coordenadora da Câmara Criminal, um segundo colegiado da PGR responsável por assuntos relacionados a crimes cometidos por militares, também critica o decreto de indulto assinado ontem por Bolsonaro e publicado nesta terça-feira no Diário Oficial da União. Para ela, o mais preocupante do decreto é a extensão do perdão de pena a agentes de segurança que tenham sido condenados por ato cometido "mesmo que fora de serviço", como consta no texto assinado pelo presidente.

Os integrantes das duas câmaras vão analisar os detalhes do decreto e podem provocar o procurador-geral da República, Augusto Aras, para que conteste o decreto no Supremo Tribunal Federal (STF). Integrantes da cúpula da PGR lembram que este tipo de contestação já ocorreu por parte de um procurador-geral.

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