Brasil

Índios da Amazônia ganham cartilha para prevenção da Aids

A publicação trata do tema sob a perspectiva da cultura indígena, é dirigida a crianças e adolescentes e será utilizada em escolas e serviços de saúde


	Sala de aula no Amazonas: a cartilha levou um ano e meio para ficar pronta e foi construída com base em diálogos com os kanamaris, para que tivesse um recorte cultural da própria etnia
 (Divulgação/ Secretaria de Educação do Amazonas)

Sala de aula no Amazonas: a cartilha levou um ano e meio para ficar pronta e foi construída com base em diálogos com os kanamaris, para que tivesse um recorte cultural da própria etnia (Divulgação/ Secretaria de Educação do Amazonas)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de agosto de 2015 às 09h35.

Os índios Kanamari, que vivem no Vale do Javari, no Amazonas, ganharão uma cartilha própria, com orientações sobre prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), aids e hepatites virais, além de conscientização sobre o uso de álcool e outras drogas.

Desenvolvida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil e pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/Aids (Unaids), a cartilha será lançada hoje (18) no município de Atalaia do Norte.

A publicação trata do tema sob a perspectiva da cultura indígena, é dirigida a crianças e adolescentes em idade escolar e será utilizada em escolas e serviços de saúde. Ela foi elaborada pelos próprios índios e traduzida para o português.

Entre as recomendações estão não beber nem levar bebida alcoólica para a aldeia, respeitar e se resguardar quando beber Ramih (uma bebida típica indígena) e não aceitar estrangeiros (peruanos ou brasileiros) e outros desconhecidos nas aldeias.

Segundo a oficial de Educação da Unesco no Brasil, Mariana Braga, a cartilha levou um ano e meio para ficar pronta e foi construída com base em diálogos com os kanamaris, para que tivesse um recorte cultural da própria etnia.

“Isso é o que torna a cartilha diferente de todos os materiais produzidos para a população indígena, foi produzido por eles”.

A série foi elaborada com informações coletadas em oficinas de prevenção realizadas no Vale do Javari, que fica próximo à fronteira do Brasil com a Colômbia e o Peru, com a participação de antropólogos, professores, agentes indígenas de saúde, pajés, curandeiros, parteiros e lideranças de diferentes povos da região.

Mariana conta que existem na cartilha recomendações como não comprar aparelho de som, pois para os kanamaris isso é uma ameaça à própria cultura.

“Foi uma recomendação do povo Kanamari para prevenção. Não posso dizer até que ponto isso está influenciando, mas o que eles querem é que isso não corra. Então sugerem que as escolas trabalhem a questão da valorização da cultura local e o não uso e a não valorização de culturas brancas”.

A cartilha Falando sobre Prevenção às DST/Aids e Hepatites Virais – Kanamari é a quarta da Série Javari, uma coleção elaborada pela Unesco e pelo Unaids, em parceria com o Ministério da Saúde e a Fundação Nacional do Índio.

Mais três volumes da série foram dirigidos aos índios Matis, Mayoruna (Matsés) e Marubo e estão disponíveis no site da Unesco no Brasil.

Segundo Mariana, a Unesco, juntamente com o Ministério da Saúde, já relacionou um grupo de dez etnias que são mais acometidas pelo HIV, pelas hepatites e pelo uso de álcool, para a construção de cartilhas semelhantes.

“Nós temos essa lista pronta e vamos atrás de financiamentos, recursos e parceiros para nos apoiar nessa inciativa”, disse, acrescentando que nem todas as etnias listadas são da Amazônia.

Acompanhe tudo sobre:AidsAmazonasDoençasEpidemiasIndígenasSaúde

Mais de Brasil

X cumpre ordem de Moraes e indica ao STF novo representante legal no Brasil

Quando é o próximo debate para prefeito de SP? Veja data, horário e como assistir ao vivo

Toffoli recebe alta médica e fará recuperação em casa

MEC prepara projeto para banir uso de celulares nas escolas a partir de outubro