Brasil

Indígenas do Vale do Javari são convidados para equipe de transição de Lula

A ideia é que policiais federais fiquem na região e atuem na repressão e investigação de crimes que levem ameaças à vida nos territórios dos isolados

Indígenas do Vale do Javari, no Amazonas (Ricardo Beliel/Brazil/Getty Images)

Indígenas do Vale do Javari, no Amazonas (Ricardo Beliel/Brazil/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de novembro de 2022 às 20h30.

O gabinete de transição de governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva convidou lideranças indígenas para montar um núcleo temático específico para tratar dos povos isolados. A segurança dos isolados é uma questão urgente.

Após o Estadão mostrar a ausência de uma equipe dedicada ao assunto, a coordenação chefiada pelo ex-ministro Aloizio Mercadante chamou representantes da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) e do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (Opi) para colaborarem com o gabinete.

Os irmãos Beto Marubo e Eliésio Marubo, coordenadores da Univaja participaram de reuniões no grupo temático dos Povos Originários nesta sexta-feira, dia 25. O indigenista Leonardo Lenin, da Opi, também foi convidado.

O Vale do Javari concentra a maior quantidade de etnias isoladas do mundo - são 16 registros. Lá foram executados o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira, em crime de grande repercussão internacional. Os conflitos na região, com crimes de mando, são uma questão das mais sensíveis atualmente, com alta tensão e risco de morte na Amazônia.

Quer receber os fatos mais relevantes do Brasil e do mundo direto no seu e-mail toda manhã? Clique aqui e cadastre-se na newsletter gratuita EXAME Desperta.

Uma das sugestões apresentadas pelos indígenas é a criação de um núcleo na Polícia Federal para atuar na proteção de povos isolados, por períodos de tempo determinados, em regiões com alta tensão, à semelhança do que faz a Força Nacional de Segurança Pública.

A ideia é que policiais federais fiquem na região e atuem na repressão e investigação de crimes que levem ameaças à vida nos territórios dos isolados.

Esse grupamento de operações dedicado aos isolados poderia prestar apoio à Funai (Fundação Nacional do Índio) e vem sendo discutido com o delegado da Polícia Federal Paulo Teixeira, que chefia o Serviço de Repressão a Crimes Contra Comunidades Indígenas e Conflitos Agrários. Uma das questões recorrentes é a necessidade de se operar com equipamentos cedidos pelas Forças Armadas, como helicópteros.

Os Marubo também pediram um encontro com o deputado Pedro Uczai (PT-SC), um dos integrantes do Desenvolvimento Agrário, para tratar de questões referentes a terras.

O grupo temático também inclui lideranças de etnias e parlamentares indígenas, como Joênia Wapichana (Rede-RR), Sônia Guajajara (PSOL-SP), Célia Xakriabá (PSOL-MG) e Juliana Cardoso (PT-SP), e os ex-presidentes da Funai Márcio Meira e João Pedro Gonçalves da Costa.

LEIA TAMBÉM:

Investir nos povos originários é ter uma economia baseada na sustentabilidade, diz Txai Suruí

Marina Silva: a reindustrialização virá a partir do meio ambiente e do conhecimento ancestral

Acompanhe tudo sobre:IndígenasLuiz Inácio Lula da Silva

Mais de Brasil

Ecorodovias vence leilão de concessão da rodovia Nova Raposo por R$ 2,190 bilhões

O que é Nióbio e para que serve?

Amazonas, Maranhão, Roraima e Pará têm maior porcentagem de municípios com lixões, diz IBGE

China compra por R$ 2 bilhões reserva brasileira rica em urânio e nióbio, na Amazônia