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Indícios apontam que passageiros de avião em Vinhedo foram alertados sobre queda

Posição dos corpos sugere que vítimas adotaram postura de segurança antes do acidente, segundo peritos

Acidente com avião da Voepass deixou 62 pessoas mortas em Vinhedo (SP). (AFP)

Acidente com avião da Voepass deixou 62 pessoas mortas em Vinhedo (SP). (AFP)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 16 de agosto de 2024 às 08h46.

A posição dos corpos encontrados na queda do avião em Vinhedo, em São Paulo, sugere que os passageiros podem ter sido alertados sobre a iminência do acidente. Segundo o diretor do Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt, Mauricio Freire, grande parte das vítimas foi encontrada com a cabeça entre os joelhos e as mãos preservadas, em uma posição de segurança conhecida como "brace", que visa minimizar os impactos em caso de pouso forçado. As informações são do Jornal Nacional, da TV Globo.

Freire destacou que essa postura diferenciada das vítimas indica que houve algum tipo de comando da tripulação alertando sobre a emergência ou que os passageiros perceberam a gravidade da situação devido à queda acentuada da aeronave. Essa observação contrasta com outros acidentes aéreos, como o caso do voo da TAM, onde as vítimas foram encontradas em posições normais, sem qualquer indício de preparação para o impacto.

A queda do ATR-72, que atingiu duas residências no Condomínio Recanto Florido, está sendo investigada por diferentes órgãos. 62 pessoas morreram no acidente da última sexta-feira (9). Embora não tenha havido vítimas entre os moradores ou pessoas que estavam no solo, a tragédia levantou diversas hipóteses sobre suas causas. A Polícia Federal e a Polícia Civil estão conduzindo investigações separadas para determinar as responsabilidades, com o acompanhamento do Ministério Público.

Questões meteorológicas

Especialistas que analisaram vídeos do momento da queda sugerem que uma possível causa seria o acúmulo de gelo nas asas da aeronave, o que teria gerado instabilidade e levado ao acidente. Essa teoria é apoiada por dados meteorológicos, que indicam que as temperaturas nas nuvens sobre a rota do voo estavam em torno de -42ºC no dia do acidente, segundo Humberto Alves Barbosa, professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e coordenador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis).

As condições meteorológicas adversas podem ter desempenhado um papel significativo no acidente. Segundo o professor Humberto Alves Barbosa, as baixas temperaturas encontradas nas nuvens por onde a aeronave voava poderiam causar sérias instabilidades para qualquer avião. O gelo acumulado nas asas, uma consequência comum de voos em tais condições, pode afetar a sustentação da aeronave, levando a uma perda de controle e, eventualmente, à queda.

A companhia aérea envolvida no acidente declarou em nota que a aeronave estava apta a voar e não possuía restrições operacionais. Entretanto, as investigações continuam para identificar as causas exatas do acidente e determinar se houve falhas mecânicas ou humanas que contribuíram para a tragédia. Enquanto isso, o Cenipa segue analisando todos os dados disponíveis, incluindo as gravações da cabine e outras evidências recolhidas no local do acidente.

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