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Indiciamento de Lula comprova perseguição, diz Rui Falcão

Segundo Falcão, "nessa cruzada" para atingir o partido e o ex-presidente, as investigações passam "inclusive por cima de direitos fundamentais"


	Lula: a Polícia Federal indiciou, nesta quarta-feira, Lula sob suspeita de corrupção
 (Ricardo Stuckert/ Instituto Lula)

Lula: a Polícia Federal indiciou, nesta quarta-feira, Lula sob suspeita de corrupção (Ricardo Stuckert/ Instituto Lula)

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Da Redação

Publicado em 5 de outubro de 2016 às 18h15.

Brasília - O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou que o indiciamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Polícia Federal por suspeita de corrupção comprova que há uma perseguição.

"Estamos protestando contra isso", disse, após reunião da Executiva Nacional do PT. "Essa nova investida contra o presidente Lula comprova o que temos dito. Em nome do combate à corrupção, que a população se preocupa com razão, se faz uma cruzada seletiva contra um partido e a maior liderança popular do país", afirmou.

Segundo Falcão, "nessa cruzada" para atingir o partido e o ex-presidente, as investigações passam "inclusive por cima de direitos fundamentais".

"A ideia, por exemplo, de aceitar provas mesmo que colhidas ilegalmente, a ideia de violar o princípio da presunção de inocência, alterando o critério de que coisa julgada se dá na Suprema Corte e não na segunda instância", disse.

Para o presidente do PT, essas práticas representam "o estado de exceção em andamento". "Primeiro é o PT, depois vem a esquerda e os cidadãos isoladamente também", afirmou.

"Foi assim que em vários países a aceitação do mal com a banalidade levou a desastres que a gente nunca mais quer ver se repetirem."

A Polícia Federal indiciou, nesta quarta-feira, Lula sob suspeita de corrupção. O ex-presidente é acusado de receber parte de uma propina de R$ 20 milhões que teria sido paga pela empreiteira Odebrecht à Exergia. A empresa pertence a Taiguara Rodrigues, que o ex-presidente trata como sobrinho.

Lava Jato

O comando do PT avaliou, nesta quarta-feira, que a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, foi a maior responsável pela derrota do partido nas eleições municipais.

Na primeira reunião após perder 256 das 635 prefeituras sob seu comando, a Executiva Nacional do PT não escondeu o abatimento com o declínio da legenda e mostrou divergências sobre os rumos a seguir daqui para a frente.

"A gente mede aqui também como a Lava Jato influiu na campanha eleitoral", disse.

Prefeitura

Indagado sobre o desempenho do PT na periferia paulista, que ficou muito abaixo do comum para a sigla, Falcão afirmou que essa camada não votou apenas no Doria, mas em outros candidatos também e reconheceu a derrota petista. "(a periferia votou) minoritariamente no PT, essa que é constatação", disse.

O presidente do PT ponderou que o resultado eleitoral em São Paulo foi uma surpresa relativa e disse que se o candidato Fernando Haddad tivesse mais tempo ele chegaria ao segundo turno.

"Todos vocês hão de convir que a expectativa geral é que nós fossemos ficar no 3 ou 4 lugar, não era isso? E com um pouquinho mais de campanha nós teríamos ido para o segundo turno", disse. "Mas aí são águas passadas, vamos pensar para o futuro agora", afirmou.

Rui Falcão reiterou a disposição do partido em iniciar um balanço para reconhecer os erros. "Não só a culpa da política econômica, da Lava Jato, da perseguição a mídia monopolizada, nós vamos tirar lições desses erros também", disse.

Segundo o dirigente do PT, a eleição mostrou a necessidade urgente de uma reforma política "em profundidade".

Ele destacou ainda que o pleito deste ano deu "brechas" para o poder econômico ao não ter fixado teto nominal para as contribuições.

"Era só um teto porcentual e os 10% meus são diferentes dos 10% de um milionário", disse, ressaltando que também não foi estipulado um teto para as autocontribuições dos candidatos majoritários.

Corrida presidencial

Rui Falcão afirmou que a vitória do tucano João Doria à prefeitura de São Paulo reforça o nome do governador paulista Geraldo Alckmin à corrida presidencial em 2018, mas antes com uma disputa interna com o senador Aécio Neves (PSDM-MG).

Questionado sobre a declaração do senador mineiro de que o PT foi dizimado nas eleições, Rui Falcão afirmou que "não costumo ficar opinando sobre opinião dos outros".

"Fizemos uma menção à nota (que a executiva nacional soltou após o encontro) que diz que a vitória do Doria reforça as pretensões presidenciais do governador de São Paulo em sua disputa com o senador derrotado nas eleições de 2014", disse.

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