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Índice de criminalidade piora no Rio, a tempo da Olimpíada

Em toda a cidade, roubos de rua subiram 14%, mas em lugares como Copacabana, por exemplo, a alta dos crimes chega a 44%


	Copacabana: Rio registrou mais de 48.700 roubos nas ruas, quase três vezes o número de Nova York
 (Ricardo Moraes/Reuters)

Copacabana: Rio registrou mais de 48.700 roubos nas ruas, quase três vezes o número de Nova York (Ricardo Moraes/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 14 de julho de 2016 às 15h02.

A lista de problemas pré-olímpicos do Brasil está aumentando. Além do caos no sistema político, da recessão econômica e da crise de saúde pública provocada pelo vírus Zika, novos dados sugerem que os pequenos delitos estão em ascensão no Rio de Janeiro.

Os roubos de rua subiram 14 por cento em toda a cidade entre janeiro e maio, segundo os dados mais recentes. Em algumas partes da cidade tem sido muito pior: o centro da cidade está reportando um aumento de 26 por cento neste tipo de crime.

Dentro e nos arredores da área da praia de Copacabana a alta é de 44 por cento.

O Rio é conhecido há tempos pelos furtos e roubos de bolsas e telefones celulares. Houve mais de 48.700 roubos nas ruas da cidade do Rio no ano passado, quase três vezes o número reportado em Nova York, que tem 30 por cento mais moradores.

Uma série de vídeos no YouTube captura alguns dos roubos feitos de forma descarada e regular no centro da cidade.

Os atletas olímpicos não estão imunes e assaltos ocorridos recentemente chamaram mais atenção para a criminalidade na cidade. Um grupo de atletas espanhóis da vela foi assaltado à mão armada enquanto treinava na cidade, em maio.

A equipe olímpica australiana pediu ao comitê organizador da Rio 2016 o aumento da segurança dos atletas depois que uma dupla de atletas paraolímpicos foi roubada, em junho.

As autoridades prometeram proteger as centenas de milhares de visitantes olímpicos esperadas colocando 85.000 policiais e militares em corredores, avenidas e áreas turísticas importantes.

Soldados de farda estão a postos em lugares como a lagoa Rodrigo de Freitas, onde serão realizados os eventos de remo, um conhecido alvo de criminosos de pequena escala.

Não está claro como eles garantirão a segurança daqueles que vagam longe dos circuitos mais comuns e dos cariocas que moram fora das áreas olímpicas.

“Paradoxalmente, a situação pode piorar” para alguns moradores, disse Robert Muggah, analista de segurança do Instituto Igarapé, do Rio de Janeiro. “Vamos ver uma redistribuição significativa de policiais de algumas dessas áreas mais críticas”.

Deixando os pequenos crimes de lado, o Rio é um lugar muito menos violento do que costumava ser e uma das cidades mais seguras do Brasil no tocante aos crimes violentos.

A taxa de homicídios caiu pela metade para 18,5 por 100.000 pessoas na última década, o que torna a cidade mais segura, estatisticamente falando, do que Nova Orleans ou St. Louis, nos EUA.

Parte da queda se deve a um boom econômico que tirou dezenas de milhões de brasileiros da pobreza. Também coincidiu com a criação de um programa de policiamento agressivo das favelas.

Esses esforços muitas vezes resultaram em confrontos violentos entre quadrilhas e policiais e a UPP vem perdendo apoio da população devido à preocupação com a brutalidade da polícia.

“Precisamos de uma coragem política real para realizar reformas estruturais”, disse Muggah, o especialista em segurança. “A segurança pública é um exercício holístico. Exige um enorme investimento em prevenção, além do cumprimento da lei”.

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