Brasil

Incorporadoras e corretoras entram na mira da CVM

Estão sendo monitorados anúncios para a venda de cotas em empreendimentos imobiliários, muitas vezes turbinadas por promessas de rentabilidade


	Imóveis residenciais no Rio de Janeiro: a investigação foi motivada pelo boom da hotelaria no Rio para atender a demanda da Copa e dos Jogos Olímpicos 
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Imóveis residenciais no Rio de Janeiro: a investigação foi motivada pelo boom da hotelaria no Rio para atender a demanda da Copa e dos Jogos Olímpicos  (Dado Galdieri/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de abril de 2014 às 10h42.

Rio - O boom da hotelaria no Rio para atender a demanda da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos colocou incorporadoras e corretores de imóveis na mira da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A partir de denúncias de investidores, a xerife do mercado de capitais passou a monitorar anúncios para a venda de cotas em empreendimentos imobiliários, muitas vezes turbinadas por promessas de rentabilidade.

No fim de 2013, a autarquia publicou alerta exigindo o registro prévio desse tipo de oferta e da companhia responsável pelo contrato. O movimento causou mal estar no mercado imobiliário.

O entendimento da CVM é o de que as ofertas de investimento em cotas veiculadas em TV, rádio, jornais e até via e-mail podem configurar captação irregular de poupança popular. O modelo em xeque é aquele em que se busca recursos do investidor não qualificado por meio da venda de frações ideais de imóveis. Elas correspondem a cotas de uma Sociedade em Conta de Participação (SCP).

Nesses contratos o investidor passa a ter uma participação nos resultados futuros da exploração por terceiros de empreendimentos hoteleiros, comerciais ou residenciais. A CVM alega que a venda de cotas com essas características configura o chamado contrato de investimento coletivo, um valor mobiliário submetido à regulação do mercado de capitais.

No caso dos hotéis, o resultado depende da demanda futura, que se refletirá em sua taxa de ocupação dos quartos. "É nesse segmento especificamente que a CVM está de olho", diz Reginaldo Pereira de Oliveira, superintendente de Registro de Valores Mobiliários da autarquia.

O presidente da Associação da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ), Alfredo Lopes, diz que a intervenção está levando as empresas a segurar as ofertas de cotas e pode atrasar o lançamento de parte dos novos hotéis, mas considera a regulação das vendas positiva.


"Vamos ter um aumento de 48% da oferta do parque hoteleiro só no Rio. Por enquanto, é tudo alegria, mas a preocupação é onde vão estar os hóspedes em 2017. Será mais difícil lidar com isso com 600 cotistas envolvidos", diz.

Irregular

Em outubro passado a CVM determinou a suspensão da oferta irregular do resort Village Pedras, no sul fluminense, pela incorporadora Hétilo do Brasil Empreendimentos por falta de registro, sob pena de multa diária de R$ 5 mil. Oliveira conta que o episódio causou uma corrida de incorporadoras à autarquia em busca de informações.

A partir daí foi iniciada uma rodada de discussões com agentes do setor, como o Sindicato da Habitação (Secovi) e a Associação de Dirigentes do Mercado Imobiliário (Ademi). O objetivo é chegar a um consenso sobre as condições que permitiriam a dispensa do registro desse tipo de oferta.

A Instrução 476 da CVM, por exemplo, dispensa de registro prévio a emissão de debêntures destinadas a investidores qualificados, que em princípio detêm com maior conhecimento dos riscos do mercado.

A expectativa, segundo Oliveira, é chegar a uma conclusão ainda no primeiro semestre. A ideia é obter subsídios para então submeter um modelo de dispensa de oferta pública dessas cotas ao colegiado da CVM, a quem caberá bater o martelo.

Definido um padrão, as empresas teriam, de qualquer forma, de submeter suas ofertas ao crivo do regulador para análise dos requisitos para a dispensa de registro.

Nada impede a CVM de suspender outras ofertas nesse meio tempo. Atualmente, a xerife do mercado de capitais analisa pelo menos 30 processos envolvendo a venda de cotas por empresas imobiliárias, a maior parte no Estado do Rio. Há apenas uma reclamação de investidores por prejuízos.

Acompanhe tudo sobre:Copa do MundoCorretorasCVMEsportesFutebol

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 23 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP