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Incêndio no Museu Nacional é "lobotomia na história", diz Marina Silva

"Não tenho ódio de PT, de PSDB, de PMDB, de ninguém. E o povo brasileiro pode dar umas férias pra esses partidos”, disse a candidata no EXAME Fórum

Marina Silva no EXAME Fórum 2018 (Germano Lüders/Exame)

Marina Silva no EXAME Fórum 2018 (Germano Lüders/Exame)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 3 de setembro de 2018 às 18h10.

Última atualização em 4 de setembro de 2018 às 14h22.

São Paulo — Marina Silva, candidata à Presidência pela Rede, disse nesta segunda-feira (03) que o incêndio que destruiu o Museu Nacional "é uma espécie de lobotomia na história brasileira".

Em participação no EXAME Fórum 2018, em São Paulo, que teve como tema a educação, ela disse que um país que não preserva sua história tem dificuldade em aprender. "Nós corretamente investimos em novos museus, mas deixamos de preservar aqueles que deveriam ser preservados", declarou.

Marina disse que um dos problemas do país são "consensos ocos" que não se traduzem em ações práticas – como apoio à educação, combate à corrupção e defesa do meio ambiente – assim como as "propostas sem propósito". Numa referência velada a Geraldo Alckmin, que fez aliança com os partidos do chamado Centrão, todos envolvidos em casos de corrupção, ela disse que "não há propósito nenhum em dizer tolerância zero à corrupção e juntar-se aos corruptos para ganhar”.

Propostas

Em debate com André Lahóz Mendonça de Barros, diretor editorial de EXAME, a candidata disse que o investimento de 6% do PIB em educação no Brasil "não é pequeno" em comparação com o de outros emergentes e até com o de países desenvolvidos.

Sobre sua visão para a área, ela disse que "não podemos educar para profissões que não vão mais existir" mas também "não vamos adestrar pessoas para ser apenas máquinas produtivas".

Ela também esclareceu o que considera as principais reformas econômicas necessárias para o país. Sobre a reforma da Previdência, defendeu uma idade mínima de aposentadoria mas com diferenciação de gênero, já que estudos mostram que as mulheres são sobrecarregadas pelas tarefas domésticas.

Na sua visão, o problema da proposta apresentada pelo governo de Michel Temer foi só discutir com um lado um tema tão sensível. Outro problema, diz é a falta de credibilidade e popularidade do próprio Temer.

Ela também defendeu que se "corrijam alguns erros" da reforma trabalhista, citando a possibilidade de a empresa oferecer apenas meia hora para almoço ao empregado, a margem para grávidas trabalharem em local insalubre e novas provisões que dificultam o acesso à Justiça de pessoas com menor renda.

Ela também incluiu a reforma política entre aquelas com impacto na economia. Entre suas ideias estão acabar com a reeleição, instituir mandatos políticos de cinco anos a partir de 2022, estabelecer um limite de dois mandatos no Legislativo e eliminar do foro privilegiado para políticos.

A candidata definiu sua campanha como de Davi contra Golias, diante de seus poucos recursos financeiros e do pouco tempo de televisão a que tem direito em comparação com outros candidatos.

No entanto, ela disse estar "muito animada" e classificou sua posição forte nas pesquisas mesmo diante das dificuldades como "case de sucesso", termo muito usado no meio empresarial.

“A sociedade está fazendo sua parte. Quem não está fazendo são os políticos”, disse ela. "Não tenho ódio do PT, do PSDB, do PMDB, de ninguém. E o povo brasileiro pode dar umas férias para esses partidos”.

Veja a entrevista realizada no evento:

https://www.youtube.com/watch?v=9IXQPov7Xco

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