Dep. Wladimir Costa (Solidariedade/PA): "a sessão expôs o lado farsante da democracia Brasileira", diz o jornal The Guardian (Nilson Bastian/Câmara dos Deputados/Fotos Públicas)
Da Redação
Publicado em 19 de abril de 2016 às 20h14.
Os olhos do mundo estão no Brasil. Desde o domingo (17), os veículos internacionais destacam a votação ocorrida na Câmara, e que pode definir o futuro político de Dilma Rousseff.
Seja em veículos dos EUA, da Europa ou da América Latina, independente de textos mais analíticos ou opinativos, todos eles, de alguma forma, destacam o "circo" que foi a votação por aqui, com direito a chuva de confetes e muitas, mas muitas mesmo, menções a Deus. Segundo relato de uma correspondente da Folha de S.Paulo baseada na Argentina, a piada por lá é que o congresso dos hermanos parece nórdico, se comparado a tudo o que aconteceu por aqui.
A rede americana CNN traz um texto bastante explicativo, onde descreve cada passo do processo a partir da aprovação ocorrida no domingo. No entanto, afirma que independente do que aconteça, o processo não será tranquilo."
Apoiadores de Rousseff prometeram tomar as ruas em retaliação, garantindo uma longa - e talvez confusa - batalha daqui em diante".
Já no britânico Guardian, a derrota do governo na Câmara - classificada pelo veículo como "corrupta e manchada de corrupção" ocupa lugar de destaque na página principal do veículo, que descreve, metaforicamente, a noite de ontem como "uma noite escura".
"A sessão expôs o lado farsante da democracia Brasileira, como o Partido da Mulher Brasileira (PMB), que só tem deputados homens, ou o Partido Progressista (PP), que é um dos grupos mais de direita no Congresso".
A derrota de Dilma também é o primeiro assunto na homepage do New York Times, que traz um texto mais analítico, onde tenta responder a pergunta se o afastamento da mandatária configura ou não um golpe.
"Ainda que advogados e e analistas políticos estejam divididos, muitos expressam preocupação com a base legal do processo de impeachment", afirmam os correspondentes do jornal, que destacam o quão jovem é a democracia brasileira.
O Washington Post se limitou a ser mais descritivo, mas não deixou de apontar momentos surreais da votação, como o momento carnavalesco em que confetes voaram pela Câmara dos Deputados.
O argentino Clarín, que também traz a derrota do governo em sua manchete, se dedicou a fazer um perfil tanto do vice-presidente Michel Temer, quanto do presidente da Câmara, Eduardo Cunha: "Economista e evangélico, Cunha se move com habilidade pela complexa, e no momento sórdida, estrutura política do seu país".
Ainda na América Latina, o chileno Diario de La Nación dá o recado no título: "Em nome de Deus e do povo brasileiro, começa a sessão que decide o impeachment contra Rousseff".
Na reportagem em que fala sobre a divisão política do Brasil, o El Universal, da Venezuela, diz que era possível sentir o país dividido nas ruas, principalmente em Brasília, onde foi instalado o "muro do impeachment".
Na análise de Antonio Jimenez Barca, do El País, o que aconteceu ontem pode ser um "empurrão definitivo para que Dilma deixe a presidência do Brasil pela porta detrás da história".