"O Brasil precisa ganhar competitividade", diz presidente da Anfavea (GM/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 6 de dezembro de 2010 às 15h35.
São Paulo - Em meio a números extremamente positivos de vendas, produção e geração de empregos em 2010, surgem dois desafios para a indústria automobilística brasileira no ano que vem: conter o avanço dos carros importados e estimular as vendas ao exterior.
“Há um sinal amarelo quando a gente observa as curvas de exportações e de importações, que caminham em direções opostas”, diz o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini.
A crise internacional afetou os mercados que compravam automóveis brasileiros e, de quebra, acentuou a valorização do câmbio. As exportações tiveram forte retração e, embora tenham esboçado uma recuperação neste ano, não terão desempenho positivo em 2011. “O real forte e a conjuntura internacional prejudicam o setor”, afirma o empresário, que também preside o Grupo Fiat na América Latina.
Para piorar o quadro, a participação dos carros importados no mercado brasileiro chegou a 20,2% em novembro. No ano, a média é de 18,4%. “Esse percentual está crescendo dois pontos a cada ano”, diz Belini. Cálculos da Anfavea indicam que, de um total de 3,63 milhões veículos que serão comercializados no mercado interno no ano que vem, 730 mil serão importados. “Precisamos de uma política industrial voltada para o setor ganhar competitividade”, diz o presidente da Anfavea.
Aperto monetário
Os empresários não demonstraram muita preocupação com as medidas para restringir o crédito anunciadas pelo Banco Central (BC) na sexta-feira passada (3). “Elas são transitórias e não devem ter impacto no desempenho do ano que vem”, afirma Belini. “Os financiamentos acima de 60 meses (os mais afetados pelas medidas do BC) são muito pequenos. As vendas parceladas em até 48 meses dominam o mercado.”
Embora signifiquem recordes de vendas e produção, as projeções das montadoras para 2011 demonstram uma queda no ritmo de crescimento em relação a esse ano. As vendas, por exemplo, deverão crescer 5,2% contra uma alta de 9,8% neste ano. A produção, que encerrará 2010 com expansão de 14,4%, deve ter elevação de apenas 1,1%. “Esse ritmo menor embute, entre outras coisas, o aperto monetário”, diz Belini.