Brasil

Para The Guardian, impeachment esfria luta contra corrupção

Jornal britânico afirmou, em editorial, que o impeachment pode resultar no fim do esforço atual contra a corrupção


	The Guardian: "longe de ajudar a resolver a polarização política e social do Brasil, o impeachment tem exacerbado o problema".
 (Suzanne Plunkett/Reuters)

The Guardian: "longe de ajudar a resolver a polarização política e social do Brasil, o impeachment tem exacerbado o problema". (Suzanne Plunkett/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de abril de 2016 às 10h18.

O jornal britânico The Guardian publicou editorial na noite de segunda-feira, 18, em que alerta que o processo de impeachment em curso no Brasil pode resultar no fim do atual esforço contra a corrupção.

"Muitos temem que a campanha anticorrupção vai desaparecer depois da concentração de fogo final contra Lula", cita o editorial.

Para o jornal, a situação pode piorar porque "longe de ajudar a resolver a polarização política e social do Brasil, o impeachment tem exacerbado o problema". O texto faz, ainda, uma dura crítica ao modo que o PT financiou campanhas eleitorais.

Além do possível revés no esforço contra a corrupção, o jornal destaca que eventual governo Michel Temer terá as mesmas dificuldades para superar a crise política e econômica.

"O vice-presidente vai enfrentar os mesmos problemas que derrotaram Dilma Rousseff e suas chances de lidar efetivamente com esses problemas devem ser classificadas como baixas", diz o editorial, que cita que "é difícil imaginar um cenário mais sombrio para o Brasil".

O Guardian chama atenção para o "paradoxo" que envolve a acusação contra Dilma Rousseff em País que investiga o grande caso de corrupção na Petrobras. "A presidente não foi implicada no escândalo da Petrobras. Os motivos para o seu impeachment são a manipulação de recursos estatais antes das últimas eleições - não muito mais que delito menor para os padrões brasileiros", cita o editorial. Por outro lado, "quase todos os envolvidos no impeachment são suspeitos de corrupção, incluindo Eduardo Cunha, o presidente da Câmara".

O editorial faz, ainda, dura crítica aos procedimentos que o PT usou para financiar as campanhas eleitorais. "O PT, uma vez o partido menos corrupto do país, escolheu resolver os problemas financeiros mergulhando em dinheiro desviado da Petrobras. Seus aliados da coligação e outros partidos se juntaram", cita.

O Guardian avalia, ainda, que uma série de problemas domésticos e externos levaram o Brasil a atual crise. O Guardian lista a mudança do cenário econômico global, a personalidade da presidente Dilma e a relação disfuncional do Executivo e Legislativo, entre outros motivos.

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoEscândalosFraudesImpeachmentJornais

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas