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Impeachment do prefeito Porto Alegre leva incerteza à eleição

O processo de impeachment contra o prefeito Nelson Marchezan Junior, pré-candidato à reeleição, deve ser concluído às vésperas da votação do primeiro turno

A Câmara Municipal aprovou a denúncia contra Nelson Marchezan Junior (PSDB) no início de agosto (Wilson Dias/Agência Brasil)

A Câmara Municipal aprovou a denúncia contra Nelson Marchezan Junior (PSDB) no início de agosto (Wilson Dias/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de setembro de 2020 às 07h38.

Última atualização em 1 de setembro de 2020 às 08h57.

Além das incertezas e limitações provocadas pela pandemia, a corrida eleitoral em Porto Alegre terá outro ingrediente inédito neste ano: um processo de impeachment contra o prefeito, pré-candidato à reeleição, cujo desfecho deverá ocorrer às vésperas da votação. A possibilidade de o processo embolar o calendário eleitoral entrou no radar gaúcho.

Por 31 votos a quatro, a Câmara Municipal aprovou a admissibilidade da denúncia contra Nelson Marchezan Junior (PSDB) no início de agosto. O Legislativo terá 90 dias, a contar da notificação do prefeito, em 11 de agosto, para sacramentar ou não o impeachment. O prazo coincide com a data do primeiro turno das eleições municipais, remanejado para 15 de novembro por causa da pandemia do novo coronavírus.

Marchezan considera que a intenção de um grupo de vereadores é trabalhar para tirá-lo do páreo. "Os vereadores se acham mais importantes do que os eleitores, querendo decidir a eleição na Câmara, e não nas urnas pelo voto do cidadão. Existe uma intenção escancarada de me tirar do processo eleitoral", afirmou.

O líder da oposição na Câmara Municipal, vereador Aldacir Oliboni (PT), afirmou que a imagem desgastada do prefeito, independentemente do processo de afastamento, o tiraria da corrida eleitoral. "Ele está desesperado com o impacto, porque jamais esperava que o processo fosse prosperar", disse o petista. Em caso de afastamento, o tucano perde os direitos políticos por oito anos.

Esse foi o sexto pedido de impeachment protocolado contra Marchezan desde o início de sua gestão. A peça jurídica questiona a retirada de R$ 3,1 milhões do Fundo da Saúde para aplicar em ações de publicidade. Ao perder apoio no Parlamento, a reduzida base governista viu o processo avançar na Casa. Ex-aliados, que foram essenciais para barrar investidas anteriores, agora mudaram de lado. Nos bastidores, no entanto, vereadores reconheceram que o processo pode soar como eleitoreiro.

Na semana passada, Marchezan apresentou defesa à Comissão Processante, reiterando que todo o gasto em Saúde a partir do fundo municipal, incluindo o valor orçado para publicidade, recebeu aval da Câmara em 2019. Para justificar as ações publicitárias, o prefeito listou 29 testemunhas, entre políticos e gestores públicos, como o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e o atual titular da pasta, Eduardo Pazuello.

"Este pedido torna ainda maior o grau de incerteza do eleitor. O Marchezan vai sofrer ou não o impeachment? É um fator de indecisão, mesmo que a eleição ainda não esteja no imaginário do eleitor. Hoje, a população está preocupada com o trabalho e a pandemia. Estas são as pautas diárias", disse o cientista político Aldo Fornazieri, diretor da Escola de Sociologia e Política.

Mulheres

A disputa eleitoral em Porto Alegre tem hoje 14 pré-candidatos. Quatro mulheres devem encabeçar chapas majoritárias: Carmen Flores (PSC), Fernanda Melchionna (PSOL), Juliana Brizola (PDT) e Manuela d'Ávila (PCdoB). Com quase 1,1 milhão de porto-alegrenses aptos a votar, 55% do eleitorado é formado por mulheres, mas a capital do Rio Grande do Sul nunca elegeu uma prefeita.

O desemprego é o tema mais citado pelos pré-candidatos. Porto Alegre viu a taxa de desemprego subir de 7% para 10% após o início da pandemia. Mais de 520 mil trabalhadores atuam com carteira assinada, ante 23 mil na informalidade.

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