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Impeachment de Dilma é a única saída para crise, diz FHC

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ex-presidente falou sobre os protestos contra o governo e disse que o PSDB colaborará com eventual governo Temer


	Fernando Henrique Cardoso: “Tudo na política depende não apenas das circunstâncias, mas da capacidade da condução do processo. "
 (Divulgação)

Fernando Henrique Cardoso: “Tudo na política depende não apenas das circunstâncias, mas da capacidade da condução do processo. " (Divulgação)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 20 de março de 2016 às 12h00.

São Paulo – A crise política que está desestabilizando o país tem uma saída: o afastamento de Dilma Rousseff da presidência. É o que acredita o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, FHC conversou sobre as manifestações contra o governo que aconteceram Brasil afora na última semana e alegou que o PSBD irá colaborar com um eventual governo de Michel Temer.

Antes cético em relação ao impeachment de Dilma, o ex-presidente explicou que sua percepção dos fatos mudou com a atrofia cada vez maior do governo. “Com a incapacidade que se nota hoje de o governo funcionar, de ela resistir, eu acho que o caminho agora é o impeachment. Se eu bem entendi o que as ruas gritaram, foi isso”, disse FHC.

Sobre o futuro do país após esse que ele chama de “processo doloroso”, o ex-presidente lembrou a solidez das instituições brasileiras na atualidade e defendeu que não haverá retrocesso institucional.

“Tudo na política depende não apenas das circunstâncias, mas da capacidade da condução do processo. No caso do impeachment, é natural é que assuma o vice, Michel Temer”, ponderou ele lembrando que a ação proposta pelo PSDB que pede a cassação da chapa PT-PMDB e que atualmente tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) será demorada. 

Caso Miriam Dutra

A entrevista também tocou em um ponto delicado na vida de FHC: o relacionamento com a jornalista Miriam Dutra, que o acusa de ter feito remessas ilegais ao exterior. “Essa senhora foi contratada por uma empresa que não era brasileira. Remeter o que? Para quem? Se o pagamento era feito lá fora por uma empresa não brasileira? Se crime tivesse, teria prescrito em 2002”, pontuou. 

Crise política

O Brasil viveu momentos de apreensão na última semana depois do anúncio de que Luiz Inácio Lula da Silva seria nomeado ministro-chefe da Casa Civil. A nomeação aconteceu na quarta-feira, mas foi prontamente sustada por diferentes liminares ajuizadas pelo país.

A divulgação de áudios de conversas interceptadas do telefone do ex-presidente ajudou a apimentar o cenário já instável e desgastar ainda mais o relacionamento do governo com o Congresso e também com a população, que foi às ruas pelo afastamento de Dilma.

O cenário atual é de incertezas, com uma decisão do ministro Gilmar Mendes que suspendeu a posse de Lula atendendo uma liminar proposta pelo PPS. Mendes também decidiu que todos os processos envolvendo o petista na Operação Lava Jato fossem remetidos ao juiz federal Sérgio Moro em Curitiba, Paraná. 

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