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Rio planeja dar 3ª dose contra covid em idosos a partir de outubro

Rio prevê iniciar terceira dose pelos que têm mais de 80 anos. Hospitalização entre idosos com covid-19 voltou a subir, puxada por taxas baixas de vacinação

Vacinação no Rio: um grande número de idosos ainda não tomou sequer a segunda dose (Ricardo Moraes/Reuters)

Vacinação no Rio: um grande número de idosos ainda não tomou sequer a segunda dose (Ricardo Moraes/Reuters)

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Agência O Globo

Publicado em 3 de agosto de 2021 às 13h01.

Última atualização em 3 de agosto de 2021 às 14h26.

A prefeitura do Rio já tem previsão para aplicação da terceira dose da vacina contra a Covid-19 nos idosos, assim que concluir o calendário para os demais públicos.

A chamada dose de reforço deve começar em outubro para os que têm mais de 80 anos, seguindo em novembro para os com mais de 70, chegando a dezembro para os que estão acima dos 60.

Porém, quando divulgou esse calendário, a Secretaria Municipal de Saúde esclareceu que a aplicação só acontecerá se houver evidência científica sólida de sua eficácia e recomendação do Programa Nacional de Imunização (PNI).

O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz voltou a apelar, nesta terça-feira, para as pessoas não deixarem de levar os idosos aos postos.

"É um risco ter em casa um idoso que não se vacinou. É importante que todas as pessoas com mais de 60 anos se vacinem", apelou o secretário.

O alerta do secretário é feito num momento em que um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra que depois de quatro meses de queda ou estabilidade, o número de hospitalizações por síndrome respiratória aguda grave entre idosos com diagnóstico confirmado de Covid-19 voltou a apresentar tendência de aumento no estado.

O alerta partiu do grupo de pesquisa Métodos Analíticos para Vigilância Epidemiológica, da Fiocruz (Mave/Fiocruz) e do Observatório Covid-19 BR, que traçam modelagens estatísticas da pandemia a partir de dados do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), do Ministério da Saúde.

Na última semana epidemiológica, os dados compilados pelo grupo mostram que o número de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) é crescente em três faixas etárias: 60 a 69 anos, 70 a 79 e 80 anos ou mais, sendo este último o público com o aumento mais acentuado.

É um novo cenário que coloca o Rio de Janeiro na contramão de outros estados do país, com retorno da tendência de alta para casos confirmados de Covid-19, conforme apontou o boletim do consórcio de veículos da imprensa deste domingo.

Risco para os mais velhos

Os dados da Fiocruz, que leva em conta a semana dos primeiros sintomas da SRAG, mostram ainda que o grupo de 80 anos ou mais tem também o maior número absoluto de hospitalizações entre as faixas que registram aumento.

Nesse público, o total de novos casos projetados na atualização mais recente é de 595 ocorrências. Em seguida vêm as pessoas de 70 a 79 anos, com cerca de 420 hospitalizações, e de 60 a 69, com aproximadamente 380.

Soranz afirmou que entre as medidas que o município está tomando para reverter essa tendência estão a aceleração da vacinação, com a aplicação das doses num número grande de locais para garantir a comodidade da população. Mas disse que para manter esse ritmo é necessário que o Ministério da Saúde não atrase a entrega das doses.

Soranz reforçou ainda que não é o momento de relaxar com as medidas de restrição e recomentou que a população continue usando a máscara de proteção, mantenha o distanciamento e evite aglomerações.

O secretário municipal de Saúde do Rio disse que vê com preocupação essa tendência, porque a cidade atravessa um período de inverno rigoroso com a chegada da variante Delta, que é uma combinação perigosa.

"É previsível (tendência de aumento de casos). A gente está momento desafiador. Em pleno inverno e nuca vimos um tempo tão frio, o que incentiva as pessoas a permanecerem mais tempo em ambientes fechados e, com a chegada da variante Delta forma uma combinação perigosa e ideal para o vírus", afirmou.

Vacinação atrasada

A preocupação do secretário ganha novos contornos quando se sabe que há um grande número de idosos que sequer tomou a primeira dose. Na capital são 23 mil. Em todo o estado são 221 mil.

Para se ter uma ideia do que isso representa, é como se quase toda a população de um município como Cabo Frio, que tem 230 mil habitantes, não tivesse sido imunizada.

Além disso, muitos que tomaram a primeira dose da vacina não retornaram aos postos para completar a imunização. Só na capital, a quantidade de idosos que não voltaram aos locais de vacinação beira os 100 mil, conforme O Globo mostrou neste sábado, a partir de informações da Secretaria municipal de Saúde.

A situação é bem diferente em São Paulo, por exemplo. Dados extraídos da plataforma LocalizaSUS e das estimativas populacionais do Sistema Estadual de Análise de Dados de São Paulo (Seade) mostram que o número de idosos paulistas vacinados com ao menos uma dose da vacina já chegou a 120%, ou seja, superou as projeções da população total do estado para a faixa etária.

Enquanto isso, o Rio se encontra no patamar dos 92% de idosos contemplados com uma injeção do imunizante.

Embora ainda considerem que é cedo para definir as causas dos novos índices, já é possível levantar hipóteses. Os pesquisadores acreditam que uma delas se relaciona com os eventuais buracos na cobertura vacinal das pessoas com 60 anos ou mais.

Para o pesquisador da Fiocruz, Marcelo Gomes, os novos números podem ter ainda uma outra causa: uma eventual saturação do efeito da vacina. A hipótese joga luz sobre a importância das medidas restritivas de combate ao contágio.

"Ainda não está muito claro o que está por trás desses números, mas um novo aumento de internações entre idosos pode significar que a vacina já entregou o que tinha de entregar, e que outros fatores seguem tendo influência sobre a pandemia. Não conseguimos reduzir o índice de transmissão, de modo que a população mais idosa, sobretudo dos 60 aos 69 anos, permaneceu superexposta", diz Gomes.

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