Brasil

IBGE: efetivação de temporários foi menor em janeiro

População ocupada mostrou uma queda de 1,6% em janeiro ante dezembro do ano passado, o que refletiu em parte a dispensa de trabalhadores no período

Houve um ritmo de contratação maior dos temporários entre 2009 e 2010 (Daniela de Lamare)

Houve um ritmo de contratação maior dos temporários entre 2009 e 2010 (Daniela de Lamare)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de fevereiro de 2011 às 11h57.

São Paulo - O mercado de trabalho em janeiro deste ano mostrou um "nível de efetivação menor", na comparação com janeiro de 2010, informou hoje o gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo. Ele fez a avaliação ao comentar a evolução da população ocupada no primeiro mês deste ano, na comparação com igual mês do ano anterior.

Segundo ele, a população ocupada mostrou uma queda de 1,6% em janeiro ante dezembro do ano passado, o que refletiu em parte a dispensa de trabalhadores temporários no período. Este recuo representou 370 mil pessoas fora do mercado de trabalho no período. No entanto, ao se analisar a evolução da população ocupada de dezembro de 2009 para janeiro de 2010, a queda na população ocupada, que normalmente ocorre devido à dispensa dos temporários, foi menos intensa, de 1%.

Na avaliação do especialista, ao se avaliar as duas quedas, é possível dizer que houve um ritmo de contratação maior dos temporários de dezembro de 2009 para janeiro de 2010 do que em dezembro de 2010 para janeiro de 2011. Azeredo lembrou que no primeiro trimestre do ano passado a economia estava mais aquecida, em recuperação após os efeitos negativos sofridos em 2009 devido à crise global. Ele não quis dizer, no entanto, se houve uma razão específica para este nível de efetivação menor no início de 2011. Na análise do especialista, é preciso esperar o término do primeiro trimestre e avaliar mais profundamente os resultados.

Mas ele não descartou a possibilidade de a inflação e as novas expectativas que cercam um novo governo terem influenciado o resultado. "Vamos aguardar para ver. Mas este menor ritmo no nível de efetivação não preocupa. Isso porque outros indicadores que interessam no mercado de trabalho, como emprego com carteira assinada e rendimento, continuam bastante favoráveis em janeiro" afirmou.

Rendimento real

O rendimento médio real (descontada a inflação) dos trabalhadores em janeiro deste ano, que foi de R$ 1.538,30 nas seis principais regiões metropolitanas do País, foi o mais elevado valor para o mês da série histórica da PME, iniciada em março de 2002. O gerente da PME, Cimar Azeredo, destacou que, mesmo com o avanço da inflação nos últimos meses do ano passado e no começo deste ano, o trabalhador brasileiro mostrou saldo positivo na renda, com altas de 0,5% na renda em janeiro deste ano ante dezembro de 2010 e aumento de 5,3% ante janeiro de 2010.

Para o especialista, os aumentos apurados na renda do trabalhador refletem a saída dos trabalhadores temporários do mercado de trabalho, de dezembro de 2010 para janeiro de 2011. Ele explicou que este tipo de trabalhador ganha menos que um já efetivado, o que puxa para baixo a média dos ganhos. "Mesmo com o avanço da inflação, a renda aumentou devido à retirada destes trabalhadores temporários do mercado de trabalho", resumiu.

Formalização

Mesmo com o recuo de 1,6% da população ocupada no mercado de trabalho em janeiro deste ano ante dezembro de 2010, o porcentual de empregados com carteira assinada no setor privado dentro população ocupada manteve trajetória crescente, subindo de 47% para 47,4% de dezembro para janeiro.

Para Azeredo, isso significa que, apesar do recuo na população ocupada no mercado de trabalho, a trajetória da formalização continua crescente no País. "Creio que é importante destacar que o recuo na população ocupada não representou uma interrupção na trajetória de crescimento da formalização no mercado de trabalho", ressaltou.

Recuperação

Os mercados de trabalho dos países desenvolvidos ainda sofrem os efeitos negativos da crise global, cujo período mais agudo foi iniciado em setembro de 2008. A situação, porém, é diferente do Brasil, cujo mercado de trabalho se encontra plenamente recuperado.

Segundo Cimar Azeredo, o especialista fez a observação com base em dados apurados pelo IBGE sobre as taxas de desemprego nas principais economias do mundo, em janeiro deste ano e na média do quarto trimestre de 2010. Segundo Cimar, enquanto a taxa de desemprego brasileira foi de 6,1% no Brasil em janeiro deste ano, outros países divulgaram um patamar maior no desemprego. É o caso das taxas de desemprego apuradas em janeiro para Canadá (7,8%), Alemanha (7 9%) e Estados Unidos (9%).

Azeredo informou ainda que a taxa brasileira em janeiro é menor do que as apuradas nas prévias do quarto trimestre de 2010 para Itália (8,4%) e Espanha (20,33%). De acordo com Cimar, as taxas podem ser comparadas com a do Brasil, mesmo as que se referem à média do quarto trimestre do ano passado. Em dezembro de 2010, a taxa de desemprego foi de 5,3%, de acordo com o IBGE.

"Antes da crise global, tínhamos a segunda maior taxa de desemprego entre as 20 maiores economias do mundo. Agora, nossa taxa deve ser a décima quinta maior taxa de desemprego, entre as 20 maiores economias", afirmou o especialista. Para o gerente da PME, isso significa que o mercado de trabalho brasileiro recuperou-se de forma rápida dos efeitos negativos da crise global.

Segundo ele, porém, a taxa de desemprego da Coreia do Sul em janeiro deste ano foi menor do que brasileira, ficando em 3,8%. "A Coreia tem um mercado de trabalho característico, com postos de trabalho voltados mais para as áreas de tecnologia", disse, comentando que este tipo de área conta com número significativo de vagas.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaContrataçõesDados de BrasilEmpregosgestao-de-negocios

Mais de Brasil

Quais são os impactos políticos e jurídicos que o PL pde sofrer após indiciamento de Valdermar

As 10 melhores rodovias do Brasil em 2024, segundo a CNT

Para especialistas, reforma tributária pode onerar empresas optantes pelo Simples Nacional

Advogado de Cid diz que Bolsonaro sabia de plano de matar Lula e Moraes, mas recua